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Guia de Drogas Vasoativas

Guia prático de drogas vasoativas para emergência/UTI: adrenalina, noradrenalina, dobutamina, dopamina, vasopressina, milrinona, levosimendana, nitroglicerina e nitroprussiato. Diluições, doses para 60 kg, indicações e cuidados de monitorização à beira-leito.

 

ADRENALINA

  • Classe: Catecolamina simpaticomimética (Vasopressor/Inotrópico)

  • Nomes comerciais: Adrenalina, Epinefrina

  • Apresentação:

    • Ampola de 1mg/1mL
    • Ampola de 1mg/mL (apresentações de 1mL)
  • Indicações:

    • Parada cardiorrespiratória (PCR):
      • Ritmos não chocáveis (AESP e assistolia) – administração precoce
      • Ritmos chocáveis (FV/TVsp) – após 2º ou 3º choque sem RCE
    • Anafilaxia (primeira escolha)
    • Choque anafilático (droga de primeira linha)
    • Choque refratário (segunda linha em outros tipos de choque)
    • Bradiarritmias instáveis (ponte para marca-passo transvenoso)
    • Angioedema com alteração de vias aéreas
    • Broncoespasmo grave associado à anafilaxia
    • Resgate hemodinâmico pré-hospitalar (push dose)
  • Reconstituição, diluição e administração:

    • Infusão contínua padrão:
      • Diluir 10 ampolas (10mL) em 90mL de SF 0,9%
      • Concentração: 100 mcg/mL
      • Administrar em bomba de infusão contínua (BIC)
    • Infusão contínua alternativa:
      • Diluir 6 ampolas (6mg) em 94mL de SF 0,9%
      • Concentração: 60 mcg/mL
      • Administrar em BIC
    • Anafilaxia (infusão contínua):
      • Diluir 1mg em 1.000mL de SF 0,9%
      • Infusão inicial: 0,5 a 1 mL/min
      • Titular conforme resposta hemodinâmica
    • Push dose pré-hospitalar:
      • Diluir 1 ampola (1mg) em 99mL de SF 0,9%
      • Administrar 0,5 a 2mL EV a cada 5 minutos
    • Via de administração:
      • PCR: endovenosa (EV) ou intraóssea (IO)
      • Anafilaxia: intramuscular (IM) preferencial – vasto lateral da coxa
      • Via subcutânea: NÃO recomendada (menor eficácia)
      • Via endotraqueal: apenas se impossibilidade de acesso EV/IO (diluir em água destilada)
  • Prescrição prática: (adulto 70kg)

    • PCR: Adrenalina 1mg/mL – 01 ampola (1mL), EV em bolus, repetir a cada 3-5 minutos
    • Anafilaxia (IM): Adrenalina 1mg/mL – 0,5mL (0,5mg), IM em vasto lateral, repetir se necessário a cada 5-15 min
    • Anafilaxia (EV bolus): Adrenalina 1mg/mL – 0,1mg (0,1mL), EV em bolus lento
    • Infusão contínua: Adrenalina 1mg/mL 10mL + SF 0,9% 90mL, EV em BIC, iniciar a 4,2 mL/h, titular até 84,0 mL/h
    • Infusão contínua alternativa: Adrenalina 1mg/mL 6mL + SF 0,9% 94mL, EV em BIC, iniciar a 1-20 mcg/min, titular conforme resposta
  • Dosagem:

    • PCR: 1mg EV/IO a cada 3 a 5 minutos (doses maiores não demonstraram benefício)
    • Anafilaxia:
      • Adultos e >12 anos: 0,5mg IM
      • 6 meses a 6 anos: 0,15mg IM
      • <6 meses: 0,1 a 0,15mg IM
      • Repetir 2-3 vezes se necessário (intervalos de 5-15 min)
      • 12-36% dos casos necessitam segunda dose
    • Infusão contínua (choque/estados hipotensivos):
      • Dose inicial: 1 a 15 mcg/min (0,01 a 0,2 mcg/kg/min)
      • Faixa usual: 1 a 40 mcg/min (0,01 a 0,5 mcg/kg/min)
      • Faixa máxima no choque refratário: 40 a 160 mcg/min (0,5 a 2 mcg/kg/min)
    • Infusão contínua para paciente 70kg:
      • Dose mínima (0,1 mcg/kg/min): 4,2 mL/h
      • Dose máxima (2,0 mcg/kg/min): 84,0 mL/h
  • Contraindicações:

    • Não há contraindicações absolutas em situações de emergência (PCR, anafilaxia)
    • Uso cauteloso em pacientes com doença coronariana grave
  • Cuidados:

    • Mecanismo de ação:
      • Ação em receptores alfa e beta-adrenérgicos
      • Alfa-1: vasoconstrição periférica, aumenta perfusão coronariana e cerebral
      • Beta-1: efeito inotrópico positivo (doses baixas)
      • Beta-2: broncodilatação
    • Efeitos adversos:
      • Arritmias (taquicardia, extrassístoles)
      • Hipertensão arterial
      • Ansiedade, tremores
      • Aumento da demanda de oxigênio do miocárdio
      • Redução da perfusão subendocárdica
      • Hipoperfusão esplâncnica
      • Hiperlactatemia
      • Hiperglicemia
      • Náuseas e vômitos
      • Necrose de pele (extravasamento)
    • Via de administração na anafilaxia:
      • IM é superior à SC (menor risco de eventos adversos)
      • EV em anafilaxia: 30% eventos adversos vs 3% IM
      • Aplicação ideal: músculo vasto lateral da coxa
    • PCR:
      • Não demonstrou melhora em desfechos neurológicos ou sobrevida a longo prazo
      • Associada a aumento de RCE (retorno à circulação espontânea)
      • Não usar doses maiores que 1mg (sem benefício adicional)
    • Choque:
      • Primeira escolha: choque anafilático
      • Evitar no choque cardiogênico (mais arritmias)
      • Pode ser usada em choque refratário
      • Efeitos beta predominam em doses baixas, efeitos alfa em doses altas
    • Monitorização:
      • Monitorização cardíaca contínua
      • Controle de PA (considerar PAI se infusão contínua)
      • Controle de glicemia
    • Interações:
      • Pacientes em uso de betabloqueadores: considerar glucagon 1mg EV a cada 5 min (seguido por infusão 5-15 mcg/min)
    • Classe na gestação: C
    • Protocolo AMAX4:
      • Pacientes com asma/anafilaxia em PCR ou pré-PCR
      • Via aérea definitiva em até 4 minutos
      • Adrenalina + ventilação em altas pressões
    • Fotossensibilidade: Não
    • Compatibilidade: Administrar preferencialmente em acesso exclusivo

 

DOBUTAMINA

  • Classe: Inotrópico Beta-Adrenérgico
  • Nomes comerciais: Dobutrex
  • Apresentação:
    • Ampola de 250mg/20mL (12,5mg/mL)
  • Indicações:
    • Choque cardiogênico
    • Choque séptico com disfunção miocárdica (mesmo com otimização volêmica e PAM > 65 mmHg)
    • Baixo débito cardíaco
    • Insuficiência cardíaca descompensada com disfunção miocárdica importante
    • Suporte inotrópico em pacientes com débito cardíaco diminuído que não respondem a fluidos e vasopressores adequados
    • Aumento do débito cardíaco em situações de necessidade de otimização hemodinâmica
  • Reconstituição, diluição e administração:
    • Diluição menos concentrada (1000 mcg/mL):
      • 01 ampola (20mL) + 230mL de SF 0,9% ou SG 5%
      • Concentração final: 1000 mcg/mL (1mg/mL)
    • Diluição mais concentrada (4000 mcg/mL):
      • 04 ampolas (80mL) + 170mL de SF 0,9% ou SG 5%
      • Concentração final: 4000 mcg/mL (4mg/mL)
    • Diluição alternativa (2000 mcg/mL):
      • 02 ampolas (40mL) + 210mL de SF 0,9% ou SG 5%
      • Concentração final: 2000 mcg/mL (2mg/mL)
    • Administração: EV contínuo em bomba de infusão contínua (BIC)
    • Fotossensível: proteger da luz
  • Prescrição prática: (adulto 70kg)
    • Diluição menos concentrada:
      • Dobutamina 250mg/20mL (12,5mg/mL) – 01 ampola + 230mL de SF 0,9% ou SG 5%, EV em BIC, iniciar a 10,5mL/h até 84,0mL/h
    • Diluição mais concentrada (preferencial):
      • Dobutamina 250mg/20mL (12,5mg/mL) – 04 ampolas + 170mL de SF 0,9% ou SG 5%, EV em BIC, iniciar a 2,6mL/h até 21,0mL/h
    • Diluição alternativa:
      • Dobutamina 250mg/20mL (12,5mg/mL) – 02 ampolas + 210mL de SF 0,9% ou SG 5%, EV em BIC, iniciar a 5mL/h
    • Bizu: Na diluição de 4mg/mL, o valor da velocidade de infusão é aproximadamente o mesmo valor numérico da dose usual. Na diluição de 2mg/mL, o valor da velocidade de infusão é aproximadamente o dobro do valor numérico da dose usual.
  • Posologia:
    • Dose inicial: 2 a 2,5 mcg/kg/min
    • Faixa terapêutica: 2,5 a 20 mcg/kg/min
    • Dose máxima: 20 mcg/kg/min
    • Titulação: aumentar progressivamente a dose conforme resposta clínica (pressão arterial, diurese, saturação venosa de O₂, débito cardíaco)
    • Doses maiores que 20 mcg/kg/min geralmente oferecem pouco benefício adicional
  • Tabela de doses práticas (diluição 4000 mcg/mL):
Peso (kg) Dose mínima 2,5 mcg/kg/min Dose máxima 20 mcg/kg/min
50 1,9 mL/h 15,0 mL/h
60 2,3 mL/h 18,0 mL/h
70 2,6 mL/h 21,0 mL/h
80 3,0 mL/h 24,0 mL/h
90 3,4 mL/h 27,0 mL/h
100 3,8 mL/h 30,0 mL/h
  • Tabela de doses práticas (diluição 1000 mcg/mL):
Peso (kg) Dose mínima 2,5 mcg/kg/min Dose máxima 20 mcg/kg/min
50 7,5 mL/h 60,0 mL/h
60 9,0 mL/h 72,0 mL/h
70 10,5 mL/h 84,0 mL/h
80 12,0 mL/h 96,0 mL/h
90 13,5 mL/h 108,0 mL/h
100 15,0 mL/h 120,0 mL/h
  • Mecanismo de ação:
    • Atua principalmente em receptores beta-1 adrenérgicos (efeito inotrópico positivo – aumenta a contratilidade cardíaca)
    • Atua em receptores beta-2 adrenérgicos (efeito vasodilatador)
    • Aumenta o débito cardíaco por aumento da contratilidade miocárdica
    • Efeitos limitados sobre a pressão arterial
    • Pode aumentar discretamente a frequência cardíaca
  • Contraindicações:
    • Hipersensibilidade à dobutamina
    • Estenose aórtica hipertrófica obstrutiva
    • Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva
  • Cuidados:
    • Cautela em pacientes com PAS < 80 mmHg: não utilizar dobutamina sem vasopressor associado
    • Risco de hipotensão inicial: especialmente em pacientes hipovolêmicos devido ao efeito beta-2 (vasodilatação periférica). Otimizar volemia antes de iniciar
    • Em pacientes hipovolêmicos: pode causar queda pressórica significativa
    • Lembrar: iniciar dobutamina fará a pressão cair um pouco inicialmente
    • Precipitação de taquiarritmias: com doses crescentes. Monitorar ECG continuamente
    • Aumenta a demanda miocárdica de oxigênio: pode precipitar ou piorar isquemia miocárdica
    • Taquifilaxia: pode ocorrer com uso prolongado
    • Não usar para aumentar o índice cardíaco para níveis supranormais
    • Monitorização hemodinâmica rigorosa: PA, FC, ECG, diurese, saturação venosa de O₂
    • Corrigir hipovolemia antes de iniciar
    • Acesso venoso central é preferencial, mas pode ser administrado em veia periférica calibrosa com cautela
  • Efeitos adversos:
    • Cardiovasculares: arritmias (taquicardia ventricular, extrassístoles ventriculares), taquicardia sinusal, angina, dor torácica, hipertensão ou hipotensão arterial, palpitações
    • Outros: cefaleia, náuseas, ansiedade, tremores
  • Classe na gestação: B
  • Interações medicamentosas:
    • Betabloqueadores: antagonizam os efeitos da dobutamina
    • Anestésicos halogenados: aumentam risco de arritmias ventriculares
  • Observações importantes:
    • A dobutamina tem efeitos limitados sobre a pressão arterial. Em pacientes com disfunção miocárdica importante, a pressão tende a aumentar devido ao aumento do inotropismo
    • Não é droga de primeira escolha para hipotensão isolada (preferir vasopressores como noradrenalina)
    • Indicada quando há necessidade de aumento do débito cardíaco, não apenas da pressão arterial
    • Suporte inotrópico com dobutamina foi associado a vantagem de sobrevivência em choque séptico com disfunção miocárdica
    • Deve ser titulada conforme resposta clínica e não para atingir níveis supranormais de débito cardíaco

 

DOPAMINA

  • Classe: Catecolamina/Droga Vasoativa
  • Nomes comerciais: Inotropina, Revivan
  • Apresentação:
    • Ampola de 50mg/10mL (5mg/mL)
  • Indicações:
    • Suporte hemodinâmico em quadros de choque (atualmente com uso restrito)
    • Bradiarritmias instáveis (como ponte para marca-passo transvenoso)
    • Bradicardia com hipotensão
    • Choque com bradicardia associada
    • Observação importante: Pouco utilizada atualmente como vasopressor de primeira linha devido aos efeitos adversos (principalmente arritmias). Noradrenalina é preferida para choque indiferenciado
  • Reconstituição, diluição e administração:
    • Diluir 5 ampolas (50 mL) em 200 mL de SF 0,9% ou SG 5%
    • Concentração final: 1000 mcg/mL (1mg/mL)
    • Administração: EV contínuo em bomba de infusão contínua (BIC)
    • Acesso venoso central preferencial
  • Prescrição prática: (adulto 60-70kg)
    • Dose habitual: Dopamina (5mg/mL) 50 mL + 200 mL de SF 0,9% ou SG 5%, EV em BIC
    • Iniciar a 8 mL/h (dose de 2-5 mcg/kg/min)
    • Titular conforme resposta: 16 mL/h, 24 mL/h, até máximo de 40 mL/h
    • Dose máxima: 20 mcg/kg/min (não exceder)
    • Doses acima de 20 mcg/kg/min: preferir noradrenalina
  • Faixa terapêutica e mecanismo dose-dependente:
    • < 5 mcg/kg/min: Ação em receptores dopaminérgicos (efeito dopa) - vasodilatação renal e esplâncnica
    • 5 a 10 mcg/kg/min: Ação predominante em receptores beta-1 adrenérgicos - aumento da frequência cardíaca e contratilidade cardíaca (efeito inotrópico positivo)
    • 11 a 20 mcg/kg/min: Ação predominante em receptores alfa-adrenérgicos - aumento da resistência vascular sistêmica e pulmonar (vasoconstrição)
    • > 20 mcg/kg/min: Não recomendado - preferir noradrenalina
  • Contraindicações:
    • Feocromocitoma
    • Taquiarritmias não corrigidas
    • Fibrilação ventricular
    • Hipersensibilidade à dopamina ou sulfitos
  • Cuidados:
    • Uso atualmente restrito: Devido aos muitos efeitos adversos (principalmente arritmias), a dopamina é pouco utilizada na prática atual
    • Comparação com noradrenalina: Em estudos randomizados, dopamina e noradrenalina tiveram efeitos semelhantes na sobrevida em pacientes com choque, porém:
      • Dopamina foi mais associada a arritmias e eventos cardiovasculares
      • No subgrupo de choque cardiogênico, dopamina foi associada a aumento de mortalidade
      • Por isso, noradrenalina é considerada a droga preferencial para choque indiferenciado
    • Indicação atual principal: Bradiarritmias instáveis como ponte para marca-passo transvenoso (alternativa: epinefrina ou marca-passo transcutâneo)
    • Extravasamento: Pode causar necrose tecidual - usar acesso venoso central quando possível
    • Monitorização: Monitorizar continuamente FC, PA, ECG durante infusão
    • Interações medicamentosas: Pode ter efeitos potencializados por IMAO, antidepressivos tricíclicos
    • Ajuste renal: Não requer ajuste de dose para disfunção renal
    • Efeitos adversos principais:
      • Cardiovasculares: arritmias (taquiarritmias, fibrilação atrial, extrassístoles), taquicardia, palpitações, angina, hipertensão, vasoconstrição periférica
      • Hipoperfusão esplâncnica
      • Náuseas e vômitos
      • Cefaleia
      • Dispneia
      • Necrose tecidual em caso de extravasamento
    • Fotossensibilidade: Proteger da luz durante preparo e infusão
    • Incompatibilidades: Não misturar com soluções alcalinas (bicarbonato de sódio)
    • Classe na gestação: C

 

NORADRENALINA

  • Classe: Catecolamina Vasopressora
  • Nomes comerciais: Levophed, Hyponor
  • Apresentação:
    • Ampola de 4mg/4mL (1mg/mL) - bitartarato de norepinefrina
    • Ampola de 8mg/4mL (2mg/mL) - hemitartarato de norepinefrina
  • Indicações:
    • Vasopressor de primeira escolha em todos os tipos de choque (exceto choque anafilático)
    • Choque séptico
    • Choque cardiogênico
    • Choque hemorrágico
    • Choque neurogênico
    • Hipotensão refratária à ressuscitação volêmica
    • Pode ser iniciada precocemente durante a ressuscitação volêmica
  • Reconstituição, diluição e administração:
    • Diluição menos concentrada (64 mcg/mL):
      • 4 ampolas de 4mg/4mL (16mL) + 234mL de SG5%
      • Concentração final: 64 mcg/mL
    • Diluição mais concentrada (128 mcg/mL):
      • 8 ampolas de 4mg/4mL (32mL) + 218mL de SG5%
      • Concentração final: 128 mcg/mL
    • Administração: EV em bomba de infusão contínua (BIC)
    • Preferencialmente em cateter venoso central (CVC)
    • Pode ser administrada em acesso venoso periférico (AVP) 18-20G em membros superiores (estudos demonstram segurança), sob monitorização rigorosa
  • Prescrição prática: (adulto 70kg)
    • Diluição menos concentrada:
      • Noradrenalina (1mg/mL) 16mL + 234mL de SG5%, EV em BIC – Iniciar a 5 mL/h e titular conforme resposta (AVP/CVC)
    • Diluição mais concentrada:
      • Noradrenalina (1mg/mL) 32mL + 218mL de SG5%, EV em BIC – Iniciar a 5 mL/h e titular conforme resposta (AVP/CVC)
    • Dose alternativa USP/HC:
      • Noradrenalina (1mg/mL) – 4 ampolas + 234mL de SF0,9% ou SG5%, EV em BIC – 1 mL/h corresponde a aproximadamente 1 mcg/min
  • Contraindicações:
    • Hipersensibilidade conhecida à noradrenalina
    • Hipovolemia não corrigida (contraindicação relativa - deve-se associar ressuscitação volêmica)
  • Cuidados:
    • Faixa terapêutica:
      • Dose inicial: 0,01 a 0,05 mcg/kg/min (ou 5-15 mcg/min)
      • Dose de manutenção: 0,025 a 1 mcg/kg/min (ou 2-80 mcg/min)
      • Choque cardiogênico: 0,05 a 0,4 mcg/kg/min
      • Choque refratário: até 3,3 mcg/kg/min (80-250 mcg/min)
      • Não há dose máxima estabelecida
    • Associação de vasopressina:
      • Recomenda-se adicionar vasopressina quando a dose de noradrenalina > 0,25-0,5 mcg/kg/min na sepse
      • Objetivo: reduzir a carga adrenérgica e melhorar perfusão
    • Mecanismo de ação:
      • Ação em receptores alfa-1 adrenérgicos (vasoconstrição)
      • Ação em receptores beta-1 adrenérgicos (inotrópico positivo)
      • Aumenta pressão arterial média (PAM) com pouca alteração na frequência cardíaca ou débito cardíaco
    • Monitorização:
      • PAM alvo: ≥ 65 mmHg
      • Pressão arterial invasiva recomendada
      • Vigilância de sinais de hipoperfusão (lactato, diurese, perfusão periférica)
      • Vigilância de extravasamento em acesso periférico
    • Efeitos adversos:
      • Taquiarritmias
      • Isquemia de órgãos e extremidades (em doses elevadas)
      • Redução do fluxo esplâncnico
      • Necrose tecidual por extravasamento (em AVP)
      • Hipertensão arterial (se dose excessiva)
    • Início precoce:
      • Estudos demonstram benefício do início precoce de noradrenalina (durante ressuscitação volêmica)
      • Associado a controle mais rápido do choque, melhor diurese e menores níveis de lactato
    • Vantagens sobre dopamina:
      • Menor incidência de arritmias
      • Menor mortalidade em choque cardiogênico
      • Preferencial para choque indiferenciado
    • Gestação: Classe C
    • Interações: Pode ter efeito potencializado por antidepressivos tricíclicos e inibidores da MAO

 

VASOPRESSINA

  • Classe: Hormônio Antidiurético / Vasopressor não-adrenérgico
  • Nomes comerciais: Pitressina, Vasostrito
  • Apresentação:
    • Ampola 20 U/mL (ampolas de 0,5 mL, 1 mL ou 10 mL)
  • Indicações:
    • Choque séptico refratário à noradrenalina
    • Choque distributivo secundário à sepse
    • Segunda droga em pacientes com choque séptico em uso de noradrenalina que mantêm hipotensão arterial
    • Deficiência de vasopressina em choques distributivos
    • Redução da carga adrenérgica associada aos agentes vasoativos tradicionais
    • Pacientes com taquicardia significativa (agente sem efeitos beta-adrenérgicos)
  • Reconstituição, diluição e administração:
    • Diluir 1 mL (20 U) em 99 mL de SG 5% (concentração final: 0,2 U/mL).
    • Administração: EV contínuo em BIC.
    • Infusão: 3 a 12 mL/h (equivale a 0,01 a 0,04 U/min).
    • Não titular a dose (dose fixa).
  • Prescrição prática:
    • Dose padrão: Vasopressina 20 U/mL – 1 mL + 99 mL de SG 5%, EV em BIC, iniciar a 3 mL/h (0,01 U/min) até 12 mL/h (0,04 U/min)
    • Alternativa: Vasopressina 20 U/1 mL – 1 ampola + 100 mL SF 0,9%, EV em BIC, vazão 3-12 mL/h
  • Contraindicações:
    • Pacientes com baixo débito cardíaco ou disfunção miocárdica importante
    • Doses superiores a 0,04 U/min
  • Cuidados:
    • Limiar de uso: iniciar vasopressina quando a dose de noradrenalina estiver na faixa de 0,25-0,5 μg/kg/min.
    • Doses > 0,04 U/min podem causar isquemia cardíaca e devem ser reservadas para terapia de resgate.
    • Deve ser administrada em pacientes com débito cardíaco normal ou elevado.
    • Efeitos adversos: angina, taquicardia, arritmias, bradicardia, hiponatremia, necrose de extremidades, isquemia de órgãos.
    • Mecanismo de ação: atua em receptores V1 (vasoconstrição periférica, coronariana e renal), diferente dos sítios de ação da norepinefrina, dopamina e epinefrina.
    • Estudo VASST: não demonstrou melhora na mortalidade em 28 dias quando comparada à noradrenalina isolada, mas em pacientes com choque menos grave (noradrenalina < 15 μg/min) houve aumento na sobrevida.
    • Meta-análise: redução de fibrilação atrial quando associada a vasopressores de catecolaminas, mas sem benefício de mortalidade.
    • Classe na gestação: C.
    • Administração por cateter venoso central é preferida devido ao risco de isquemia tecidual local grave.
    • Monitoramento contínuo de pressão arterial, frequência cardíaca e ritmo cardíaco é obrigatório.
    • Correção de hipovolemia deve ser feita antes da instituição da terapia vasopressora.

 

MILRINONA 200 mcg/mL

  • Apresentação: Ampola 20mg/20mL (1mg/mL)
  • Diluição: 1 ampola (20mL) + 80 mL de SF0,9% ou SG5% (concentração 200 mcg/mL)
  • Dose (60kg): 6,8 mL/h (dose mínima) até 13,5 mL/h (dose máxima)
  • Indicação: Insuficiência cardíaca, uso prévio de beta-bloqueadores
  • Cuidados:
    • Dose de ataque: 50 mcg/kg em 10 min
    • Ajustar conforme função renal
    • Potencial arritmogênico em isquêmicos
    • Ajuste a cada 4 horas

 

LEVOSIMENDANA 25 mcg/mL

  • Apresentação: Ampola 2,5mg/mL (5mL ou 10mL)
  • Diluição: 5 mL de levosimendana + 495 mL de SG5% (concentração 25 mcg/mL)
  • Dose (60kg): 7,2 mL/h (dose mínima) até 28,8 mL/h (dose máxima)
  • Indicação: Choque cardiogênico, uso prévio de beta-bloqueadores
  • Cuidados:
    • Efeito inotrópico positivo e vasodilatador
    • Pode ser usado com beta-bloqueadores
    • Ajuste a cada 4 horas
    • Monitorar pressão arterial

 

NITROGLICERINA 200 mcg/mL (Tridil)

  • Apresentação: Ampola 5mg/mL (5mL e 10mL)
  • Diluição: 1 ampola (10mL) + 240 mL de SF0,9% ou SG5% (concentração 200 mcg/mL)
  • Dose (60kg): 3 mL/h (dose mínima) até 60 mL/h (dose máxima)
  • Indicação: Síndrome coronariana aguda com hipertensão, edema agudo pulmonar
  • Cuidados:
    • Contraindicado com inibidores PDE-5 (48h)
    • Contraindicado no infarto de VD
    • Titular de 5 em 5 mcg/min a cada 3-5 min
    • Venodilatação predominante

 

NITROPRUSSIATO 200 mcg/mL (Niprid)

  • Apresentação: Ampola 50mg/2mL (25mg/mL)
  • Diluição: 1 ampola (2mL) + 248 mL de SG5% (concentração 200 mcg/mL)
  • Dose (60kg): 1,8 mL/h (dose mínima) até 180,0 mL/h (dose máxima)
  • Indicação: Emergência hipertensiva, encefalopatia hipertensiva
  • Cuidados:
    • Risco de aumento da pressão intracraniana
    • Contraindicado em coronariopatias agudas
    • Proteger da luz
    • Risco de intoxicação por cianeto (uso > 72h)