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Dissecção Aguda de Aorta (DAA)

Dissecção Aguda de Aorta (DAA)

Guia de manejo e prescrição para DAA: analgesia com opioides, controle rigoroso de FC (meta <60bpm) e PA (100-120mmHg), estabilização hemodinâmica e encaminhamento cirúrgico urgente.

Paciente típico: Homem, 50-70 anos, hipertenso de longa data, apresentando dor torácica ou dorsal de início súbito, lancinante, de forte intensidade, com sudorese, náuseas e PA elevada (geralmente >180/110 mmHg).

 

🩺 Guia rápido

ℹ️ Clique nos tópicos abaixo para ver detalhes

História clínica típica
# História Clínica
Paciente refere dor torácica de início súbito há ❓ minutos/horas, de forte intensidade (❓/10), 
em região anterior do tórax com irradiação para dorso/região interescapular. Dor descrita como 
"em rasgo", "lancinante" ou "como se algo rasgasse por dentro". Dor migratória, iniciando no 
tórax anterior e propagando-se para o dorso. Associada a sudorese profusa, náuseas, palidez 
cutânea e sensação de morte iminente.

Nega trauma torácico, nega febre, nega tosse, nega dispneia significativa. Antecedente de 
hipertensão arterial sistêmica mal controlada. Pode apresentar síncope no início do quadro (❓% dos casos).

Nega alergias medicamentosas conhecidas.

# Exame físico
REG/MEG, ansioso, taquipneico, sudoreico, pálido, agitado pela dor.
PA: MSD ❓ mmHg / MSE ❓ mmHg (diferença >20mmHg entre membros sugere dissecção)
FC: ❓ bpm (geralmente taquicárdico pela dor/estresse adrenérgico)
FR: ❓ irpm
SatO2: ❓% em ar ambiente
Tax: ❓°C

AC: RCR 2T, bulhas normofonéticas. Pode apresentar sopro diastólico de insuficiência aórtica em foco aórtico. 
Avaliar sinais de tamponamento cardíaco (hipofonese de bulhas, estase jugular, pulso paradoxal).
AR: MVF sem RA bilateralmente.
Abdome: flácido, RHA+, indolor à palpação, sem massas ou visceromegalias.
Extremidades: pulsos assimétricos ou diminuídos (❓% dos casos). Diferença de pulsos entre MMSS. 
Perfusão periférica pode estar comprometida. Avaliar déficits neurológicos focais.

# HD
- Dissecção Aguda de Aorta (suspeita clínica - Escore ADD-RS ≥ 2 pontos)
- Emergência hipertensiva secundária à DAA

# Conduta
- EMERGÊNCIA ABSOLUTA - Ativação imediata de protocolo de DAA
- Acesso venoso calibroso (2 acessos) + monitorização multiparamétrica contínua
- Solicitar URGENTE: Angiotomografia de aorta (se hemodinamicamente estável)
- Acionar cirurgia cardiovascular / cirurgia torácica IMEDIATAMENTE
- Ecocardiograma à beira do leito (avaliar derrame pericárdico, tamponamento, insuficiência aórtica)
- Reservar vaga em UTI
- NPO absoluto (preparo para cirurgia)
- Analgesia IMEDIATA com opioides fortes (controlar dor e tônus simpático)
- Controle RIGOROSO da FC ANTES da PA (evitar taquicardia reflexa)
  → Meta FC: <60 bpm com betabloqueadores EV
- Após controle de FC, controle da PA com vasodilatadores EV
  → Meta PAS: 100-120 mmHg (menor pressão tolerada com diurese preservada)
- Exames laboratoriais: Hemograma, Ureia, Creatinina, Eletrólitos, Troponina, Dímero-D, Gasometria, Tipo sanguíneo + RH
- ECG de 12 derivações
- Radiografia de tórax (alargamento de mediastino em 60% dos casos)
- Indicação de INTERNAÇÃO EM UTI - 100% dos casos
- NÃO LIBERAR ALTA EM HIPÓTESE ALGUMA
Prescrição para paciente típico
No pronto-socorro:
# ANALGESIA IMEDIATA (escolher UMA opção)
01. Morfina (10mg/mL) – Diluir 1mL (10mg) + 9mL de SF0,9% = 10mL (1mg/mL), 
    aplicar 2 a 4mL EV em bólus lento. Repetir 2-4mL a cada 5-15 min se necessário até controle da dor.
    OU
    Fentanil (50mcg/mL) – Aplicar 2mL (100mcg) EV em bólus lento. Repetir 1-2mL se necessário.

# CONTROLE DA FC (ANTES DO CONTROLE DA PA - escolher UMA opção)
# META: FC < 60 bpm
02. Metoprolol (5mg/5mL) – Aplicar 5mL EV em bólus lento (em 5 minutos). 
    Repetir dose a cada 15 minutos até 3 doses (máximo 15mg) ou até atingir meta de FC <60 bpm.
    OU
    Esmolol (2500mg/10mL) – Diluir 10mL (2500mg) + 240mL de SG5% = 250mL (10mg/mL).
    Dose de ataque: 500 mcg/kg EV em 1 minuto.
    Manutenção: 25-50 mcg/kg/min em BIC (ajustar conforme resposta).

# CONTROLE DA PA (APÓS CONTROLE DA FC - escolher UMA opção)
# META: PAS 100-120 mmHg
03. Nitroprussiato de Sódio - Nipride (50mg/2mL) – Diluir 2mL (50mg) + 248mL de SG5% = 250mL.
    Iniciar BIC a 5mL/h (0,3 mcg/kg/min). Titular até atingir PAS 100-120 mmHg. Máximo: 10 mcg/kg/min.
    Proteger da luz (envolver equipo com papel alumínio). Trocar solução a cada 24h.
    OU
    Nitroglicerina - Tridil (5mg/mL) – Diluir 10mL (50mg) + 240mL de SG5% = 250mL.
    Iniciar BIC a 2mL/h (10-20 mcg/min). Titular progressivamente até atingir PAS 100-120 mmHg.

# ANTIEMÉTICO (se náuseas/vômitos)
04. Ondansetrona (4mg/2mL) – Diluir 01 ampola (2mL) + 8mL de SF0,9%, aplicar 10mL EV lento em 3-5 min.

# HIDRATAÇÃO (manter acesso venoso pérvio)
05. Soro Fisiológico 0,9% 500mL – Manter acesso venoso com 20-40 mL/h (KVO - keep vein open).
    NÃO fazer expansão volêmica vigorosa (risco de piorar dissecção).
Para casa:
NÃO HÁ PRESCRIÇÃO DE ALTA DOMICILIAR

Dissecção Aguda de Aorta é EMERGÊNCIA ABSOLUTA com indicação de internação em UTI 
e manejo cirúrgico urgente (Stanford A) ou internação para tratamento clínico intensivo (Stanford B).

LETALIDADE: 1-2% por hora nas primeiras 48h se não tratada adequadamente.

CONDUTA OBRIGATÓRIA:
- Internação em UTI
- Avaliação da cirurgia cardiovascular/torácica
- Angiotomografia de aorta urgente
- Tratamento cirúrgico urgente (Stanford tipo A)
- Tratamento clínico intensivo ou endovascular (Stanford tipo B complicado)

 

🏥 NO PRONTO-SOCORRO

  • ⚠️ MANEJO E CUIDADOS INICIAIS
    • DISSECÇÃO AGUDA DE AORTA É EMERGÊNCIA CARDIOVASCULAR ABSOLUTA
    • Mortalidade: 1-2% por hora nas primeiras 48h se não tratada / 50% de mortalidade em 48h sem tratamento adequado
    • Triagem: Sala Vermelha / Prioridade 1 / Acionamento imediato de protocolo
    • Acesso venoso: 2 acessos calibrosos (jelco 18G ou 16G) em MMSS diferentes
    • Monitorização contínua: PA não invasiva em ambos os braços (diferença >20mmHg sugere dissecção), FC, FR, SatO2, ECG contínuo
    • Posicionamento: Decúbito elevado 30-45° se confortável, repouso absoluto
    • Oxigenoterapia: Se SatO2 <94% (cateter nasal O2 2-4 L/min ou máscara 5-10 L/min)
    • NPO absoluto: Preparo para cirurgia ou procedimentos
    • Ativação imediata:
      • Cirurgia cardiovascular / cirurgia torácica
      • UTI (reservar vaga)
      • Hemodinâmica (se disponível)
    • ESCORE ADD-RS (Aortic Dissection Detection Risk Score): Estratificação de risco
      • Condições de alto risco (1 ponto): Síndrome de Marfan, histórico familiar de doença aórtica, cirurgia ou manipulação aórtica prévia, aneurisma de aorta torácico conhecido, doença valvar aórtica
      • Sintomas de alto risco (1 ponto): Dor torácica/dorsal/abdominal de início abrupto com caráter lancinante ou em rasgo
      • Sinais de alto risco (1 ponto): Déficit de pulsos ou diferença de PA nos MMSS, déficit neurológico na presença de dor, novo sopro de insuficiência aórtica na presença de dor, hipotensão/choque
      • Interpretação:
        • 0-1 ponto: Solicitar Dímero-D → se ≥500 ng/mL: Angiotomografia de aorta
        • 2-3 pontos: Solicitar Angiotomografia de aorta diretamente (não aguardar Dímero-D)
    • Exames de imagem prioritários:
      • 1ª escolha: Angiotomografia de aorta com contraste (sensibilidade >95%, especificidade >95%)
      • Alternativa: Ecocardiograma transesofágico (se instabilidade hemodinâmica ou contraindicação ao contraste)
      • Radiografia de tórax: Pode mostrar alargamento de mediastino (>8 cm), mas NÃO exclui DAA se normal
    • Sinais de alerta CRÍTICOS (indicam complicação grave):
      • Hipotensão / choque: Tamponamento cardíaco, ruptura aórtica contida ou livre
      • Síncope: Tamponamento cardíaco, baixo débito, dissecção em carótidas
      • Déficit neurológico focal: Dissecção de artérias carótidas, AVC isquêmico
      • Dor abdominal intensa + acidose: Isquemia mesentérica (dissecção de artérias mesentéricas)
      • Anúria / oligúria: Dissecção de artérias renais
      • Sopro diastólico novo: Insuficiência aórtica aguda
      • Hipofonese de bulhas + estase jugular + pulso paradoxal: Tamponamento cardíaco
    • SEQUÊNCIA OBRIGATÓRIA DE TRATAMENTO:
      1. ANALGESIA com opioides (controlar dor e diminuir tônus simpático)
      2. CONTROLE DA FC com betabloqueadores EV (ANTES do controle da PA) → Meta: FC <60 bpm
      3. CONTROLE DA PA com vasodilatadores EV (APÓS controle da FC) → Meta: PAS 100-120 mmHg
      4. NUNCA usar vasodilatadores antes de betabloqueadores (risco de taquicardia reflexa e piora da dissecção)
    • Classificação de Stanford:
      • Tipo A (62%): Envolve aorta ascendente → CIRURGIA URGENTE (mortalidade 1-2%/hora)
      • Tipo B (38%): NÃO envolve aorta ascendente (inicia após subclávia E) → Tratamento clínico OU cirúrgico/endovascular se complicado
    • Stanford B complicado (indicação cirúrgica/endovascular):
      • Hipertensão refratária ao tratamento clínico
      • Dor recorrente ou persistente
      • Expansão precoce ou rápida da aorta
      • Hemotórax, hematoma mediastinal crescente (ruptura iminente)
      • Síndrome de má perfusão: isquemia visceral, renal, de membros inferiores ou espinhal

 

  • ANALGÉSICO OPIOIDE
    • Prescrição prática:
      • Morfina (10mg/mL) – Diluir 1mL (10mg) + 9mL de SF0,9% = 10mL (solução 1mg/mL). Aplicar 2-4mL (2-4mg) EV em bólus lento. Repetir 2-4mL a cada 5-15 minutos se necessário até controle completo da dor. Dose máxima inicial: 10mg.
      • Fentanil (50mcg/mL) – Aplicar 2mL (100mcg) EV em bólus lento (em 2-3 minutos). Pode repetir 1-2mL (50-100mcg) a cada 3-5 minutos se necessário.
    • Alternativas:
      • Tramadol (100mg/2mL) – Diluir 01 ampola (2mL) + 8mL de SF0,9%, aplicar 10mL EV lento em 3-5 minutos. ATENÇÃO: Menos eficaz que morfina/fentanil para dor intensa da DAA.
    • Indicações:
      • Analgesia potente para controle da dor severa característica da DAA
      • Redução do tônus simpático (diminui FC, PA e estresse da parede aórtica)
      • OBRIGATÓRIO em todos os casos de DAA
    • Apresentações:
      • Morfina: 10mg/mL (ampolas de 1mL, 2mL)
      • Fentanil: 50mcg/mL (ampolas de 2mL, 5mL, 10mL)
      • Tramadol: 100mg/2mL (ampolas de 2mL)
    • Via(s): 💉 EV (via preferencial - efeito rápido necessário)
    • Cuidados:
      • Contraindicações: Hipersensibilidade conhecida aos opioides, depressão respiratória grave
      • Monitorização: FR, SatO2, nível de consciência (sedação excessiva)
      • Morfina: Risco de liberação de histamina (rubor, prurido). Metabolização renal (ajustar em IRC). Náuseas (associar antiemético se necessário).
      • Fentanil: Preferir em idosos, IR, instabilidade hemodinâmica (menos hipotensão que morfina). Início de ação mais rápido (1-2 min). Duração mais curta (30-60 min).
      • Naloxona: Ter disponível para reversão de depressão respiratória (0,4mg EV se FR <8 irpm ou SatO2 <90% refratária)
      • Idosos: Iniciar com 50% da dose (risco aumentado de sedação e depressão respiratória)
      • Gestantes: Morfina categoria C - usar com cautela, avaliar risco-benefício (DAA é emergência absoluta)
      • NUNCA subestimar a dor: controle inadequado piora prognóstico (aumento de estresse simpático)

 

  • BETABLOQUEADOR (controle da FC)
    • Prescrição prática:
      • Metoprolol (5mg/5mL) – Aplicar 1 ampola (5mL = 5mg) EV em bólus lento (administrar em 5 minutos). Repetir dose a cada 15 minutos até atingir FC <60 bpm ou dose máxima de 15mg (3 ampolas). Monitorizar FC e PA continuamente.
      • Esmolol (2500mg/10mL) – Diluir 10mL (2500mg) em 240mL de SG5% = 250mL (10mg/mL). Dose de ataque: 500 mcg/kg EV em 1 minuto. Manutenção em BIC: 25-50 mcg/kg/min. Titular conforme resposta (aumentar 25 mcg/kg/min a cada 5 min se necessário até FC <60 bpm). Dose máxima: 300 mcg/kg/min.
    • Alternativas:
      • Labetalol (100mg/20mL) – Aplicar 20mg (4mL) EV em bólus lento. Repetir 40-80mg a cada 10 minutos até FC <60 bpm ou dose máxima 300mg. Vantagem: betabloqueador + alfa bloqueador (controla FC e PA simultaneamente).
      • Propranolol (10mg/10mL) – Aplicar 1mg (1mL) EV lento. Repetir 1mg a cada 5 minutos até FC <60 bpm ou dose máxima 5mg. Uso menos comum (maior risco de broncoespasmo).
      • Se contraindicação a betabloqueadores:
        • Diltiazem (25mg/5mL) – Aplicar 0,25 mg/kg (média 20mg = 4mL) EV em bólus lento em 2 minutos. Pode repetir 0,35 mg/kg após 15 min se necessário.
        • Verapamil (5mg/2mL) – Aplicar 2,5-5mg (1-2mL) EV em bólus lento. Repetir 5-10mg após 15-30 min se necessário.
    • Indicações:
      • Controle rigoroso da FC antes do controle da PA (prevenir taquicardia reflexa)
      • Reduzir estresse de cisalhamento na parede aórtica (força = dP/dt)
      • Meta terapêutica: FC <60 bpm (se tolerado - avaliar perfusão e diurese)
      • OBRIGATÓRIO iniciar betabloqueador ANTES de vasodilatador
    • Apresentações:
      • Metoprolol: 5mg/5mL (ampolas de 5mL)
      • Esmolol: 2500mg/10mL (frascos de 10mL), 2500mg/250mL (frascos prontos)
      • Labetalol: 100mg/20mL (ampolas de 20mL)
      • Diltiazem: 25mg/5mL (ampolas de 5mL)
    • Via(s): 💉 EV (obrigatório - necessário efeito rápido e titulável)
    • Cuidados:
      • Contraindicações absolutas: BAV 2º/3º grau, bradicardia <50 bpm, choque cardiogênico, asma grave descompensada, DPOC grave descompensado
      • Contraindicações relativas: ICC descompensada (avaliar risco-benefício - DAA é emergência)
      • Monitorização contínua obrigatória: FC, PA, ECG (vigilância de BAV), sinais de hipoperfusão
      • Sinais de sobredose: Bradicardia grave (<40 bpm), BAV, hipotensão, broncoespasmo
      • Esmolol: Vantagem de meia-vida ultracurta (9 min) - se efeito adverso, suspender infusão e recuperação em 10-20 min
      • Metoprolol: Cardioseletivo (menos broncoespasmo que propranolol), mas usar com cautela em DPOC/asma
      • Labetalol: Vantagem de controlar FC e PA simultaneamente (ação alfa + beta), útil se dificuldade de acesso ou equipe limitada
      • Bloqueadores de canal de cálcio: Usar APENAS se contraindicação absoluta a betabloqueadores (menos eficazes em reduzir dP/dt)
      • Atropina: Ter disponível para reversão de bradicardia sintomática (0,5-1mg EV)
      • Idosos: Maior risco de bradicardia e hipotensão - iniciar com doses menores e titular cautelosamente
      • Gestantes: Metoprolol/Labetalol categoria C - usar com monitorização fetal se viável (DAA é emergência materna absoluta)
      • NÃO iniciar vasodilatador antes de FC controlada (risco de taquicardia reflexa e aumento do dP/dt piora a dissecção)

 

  • VASODILATADOR (controle da PA)
    • Prescrição prática:
      • Nitroprussiato de Sódio - Nipride (50mg/2mL) – Diluir 1 ampola (2mL = 50mg) em 248mL de SG5% = 250mL (200 mcg/mL). Iniciar BIC a 5mL/h (0,3 mcg/kg/min para paciente de 70kg). Titular 2-5 mL/h a cada 5-10 minutos até atingir PAS 100-120 mmHg. Dose máxima: 10 mcg/kg/min. PROTEGER DA LUZ (envolver equipo com papel alumínio). Trocar solução a cada 24h.
      • Nitroglicerina - Tridil (5mg/mL) – Diluir 10mL (50mg) em 240mL de SG5% = 250mL (200 mcg/mL). Iniciar BIC a 2mL/h (10-20 mcg/min). Titular 1-2 mL/h a cada 5-10 minutos até atingir PAS 100-120 mmHg. Dose máxima: 200 mcg/min.
    • Indicações:
      • Controle da PA APÓS controle da FC
      • Reduzir pós-carga e estresse na parede aórtica
      • Meta terapêutica: PAS 100-120 mmHg (menor pressão tolerada com diurese preservada >0,5 mL/kg/h)
      • OBRIGATÓRIO controlar FC antes (betabloqueador deve preceder)
    • Apresentações:
      • Nitroprussiato de Sódio: 50mg/2mL (ampolas de 2mL)
      • Nitroglicerina: 5mg/mL (ampolas de 10mL, frascos de 50mL)
    • Via(s): 💉 EV em BIC (bomba de infusão contínua - necessário controle preciso)
    • Cuidados:
      • Nitroprussiato:
        • Contraindicações: Hipertensão intracraniana, coarctação de aorta, insuficiência hepática grave
        • Toxicidade: Metabolizado em tiocianato e cianeto. Intoxicação por cianeto (acidose metabólica, confusão, convulsões) após uso prolongado (>24-48h) ou doses altas. Dosar tiocianato se uso >48h (normal <50-100 mcg/mL).
        • Fotossensível: OBRIGATÓRIO proteger da luz (envolver equipo e frasco com papel alumínio/papel pardo)
        • Trocar solução: A cada 24h (degradação com formação de cianeto)
        • Monitorização: PA invasiva ideal (titulação precisa). Se PA não invasiva: monitorar a cada 2-5 min durante titulação.
        • Rebote hipertensivo: Reduzir infusão gradualmente (não suspender abruptamente)
        • Insuficiência renal: Acúmulo de tiocianato (náuseas, tinnitus, confusão mental). Reduzir dose ou preferir nitroglicerina.
      • Nitroglicerina:
        • Contraindicações: Uso recente de inibidores de fosfodiesterase-5 (sildenafila, tadalafila - últimas 24-48h), hipotensão severa, choque
        • Efeitos adversos: Cefaleia (comum), taquicardia reflexa (por isso OBRIGATÓRIO betabloqueador antes)
        • Tolerância: Pode desenvolver tolerância após 24-48h de uso contínuo. Se ocorrer, considerar trocar para nitroprussiato.
        • Monitorização: PA a cada 5-10 min durante titulação, FC (vigilância de taquicardia reflexa)
        • Vantagem: Menos toxicidade que nitroprussiato em uso prolongado
        • Preferir em: IAM concomitante (vasodilatação coronariana), insuficiência renal
      • GERAL:
        • NUNCA iniciar antes de controlar FC (risco de taquicardia reflexa aumenta dP/dt e piora dissecção)
        • Meta PAS: 100-120 mmHg (equilíbrio entre prevenir progressão da dissecção e manter perfusão orgânica)
        • Sinais de hipoperfusão: Oligúria (<0,5 mL/kg/h), confusão mental, acidose metabólica, lactato elevado → reduzir dose (aceitar PAS até 120 mmHg)
        • Bomba de infusão: Idealmente usar BIC para controle preciso da dose
        • Acesso venoso exclusivo: Preferir acesso venoso exclusivo para vasodilatadores (evitar interações)
        • Transição para VO: Após estabilização (24-48h), iniciar betabloqueador VO (metoprolol, atenolol, propranolol) e retirar gradualmente infusões EV

 

  • ANTIEMÉTICO
    • Prescrição prática:
      • Ondansetrona (4mg/2mL) – Diluir 01 ampola (2mL = 4mg) + 8mL de SF0,9%, aplicar 10mL EV lento em 3-5 minutos. Dose máxima: 8mg por dose. Pode repetir após 8h se necessário.
    • Alternativas:
      • Metoclopramida (10mg/2mL) – Diluir 01 ampola (2mL) + 8mL de SF0,9%, aplicar 10mL EV lento em 3-5 minutos.
      • Bromoprida (10mg/2mL) – Diluir 01 ampola (2mL) + 8mL de SF0,9%, aplicar 10mL EV lento em 3-5 minutos.
    • Indicações:
      • Controle de náuseas e vômitos (comuns na DAA devido à dor intensa e estresse simpático)
      • Associados à analgesia com opioides (que podem causar náuseas)
    • Apresentações:
      • Ondansetrona: 4mg/2mL (ampolas de 2mL), 8mg/4mL (ampolas de 4mL)
      • Metoclopramida: 10mg/2mL (ampolas de 2mL)
      • Bromoprida: 10mg/2mL (ampolas de 2mL)
    • Via(s): 💉 EV
    • Cuidados:
      • Ondansetrona: Risco de prolongamento QT (evitar em cardiopatas graves ou QTc >500 ms). Preferencial em DAA por menor risco de efeitos extrapiramidais.
      • Metoclopramida/Bromoprida: Risco de sintomas extrapiramidais (distonias agudas, principalmente em jovens). Contraindicação: obstrução intestinal, feocromocitoma, epilepsia não controlada.
      • Dose máxima: Ondansetrona 8mg/dose; Metoclopramida 10mg/dose
      • Gestantes: Ondansetrona categoria B (segura). Metoclopramida categoria B.

 

  • SEDAÇÃO/ANSIOLÍTICO (se agitação importante)
    • Prescrição prática:
      • Midazolam (5mg/mL) – Aplicar 0,5-1mL (2,5-5mg) EV lento. Titular conforme necessário. Usar com CAUTELA (risco de depressão respiratória associada a opioides).
    • Indicações:
      • Agitação psicomotora importante (dificulta monitorização e controle hemodinâmico)
      • Ansiedade extrema refratária a opioides
      • Uso RESTRITO e cauteloso (preferir controle da dor adequado)
    • Apresentações:
      • Midazolam: 5mg/mL (ampolas de 3mL, 10mL)
    • Via(s): 💉 EV
    • Cuidados:
      • USAR COM EXTREMA CAUTELA: Associação com opioides aumenta muito risco de depressão respiratória
      • Monitorização: FR, SatO2, nível de consciência contínuos
      • Flumazenil: Ter disponível para reversão se depressão respiratória (0,2mg EV, repetir se necessário)
      • Preferir: Analgesia adequada ao invés de sedação (dor controlada reduz agitação)
      • Contraindicações: Miastenia gravis, glaucoma de ângulo fechado, insuficiência respiratória grave

 

  • HIDRATAÇÃO / ACESSO VENOSO
    • Prescrição prática:
      • Soro Fisiológico 0,9% 500mL – Manter acesso venoso com 20-40 mL/h (keep vein open). NÃO fazer expansão volêmica vigorosa (risco de aumento da PA e piora da dissecção).
    • Indicações:
      • Manter acesso venoso pérvio para medicações
      • Evitar hipovolemia relativa por NPO
      • NÃO é indicado reposição volêmica vigorosa
    • Apresentações:
      • Soro Fisiológico 0,9%: frascos de 250mL, 500mL, 1000mL
    • Via(s): 💉 EV
    • Cuidados:
      • NÃO fazer expansão volêmica agressiva: Risco de aumento da PA e piora da dissecção
      • Se hipotensão: Avaliar CAUSA (tamponamento cardíaco, ruptura aórtica, isquemia mesentérica) - NÃO responder com volume cegamente
      • Meta: Manter acesso pérvio, evitar desidratação, mas SEM aumentar pressão intraluminal
      • Monitorizar: Balanço hídrico, diurese (meta >0,5 mL/kg/h)

 

🏠 PARA CASA

NÃO HÁ PRESCRIÇÃO DE ALTA DOMICILIAR PARA DISSECÇÃO AGUDA DE AORTA

Dissecção Aguda de Aorta é EMERGÊNCIA CARDIOVASCULAR ABSOLUTA com:

  • Indicação de INTERNAÇÃO EM UTI em 100% dos casos
  • Stanford Tipo A: Cirurgia cardiovascular URGENTE (mortalidade 1-2% por hora)
  • Stanford Tipo B: Tratamento clínico intensivo em UTI OU cirurgia/endovascular se complicado
  • LETALIDADE: 50% em 48h se não tratada adequadamente

NUNCA liberar alta para pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado de DAA.

 

  • 👨🏻‍⚕️ Orientações fundamentais para equipe e familiares
    • DAA é emergência com risco iminente de morte - familiares devem ser informados da gravidade
    • Prognóstico:
      • Stanford A: Mortalidade cirúrgica 15-35% (melhor que mortalidade sem cirurgia 50-80% em 48h)
      • Stanford B não complicado: Mortalidade hospitalar 10-15% com tratamento clínico
      • Stanford B complicado: Mortalidade 30-50% mesmo com tratamento
    • Complicações graves possíveis:
      • Ruptura aórtica (tamponamento cardíaco, hemotórax, choque hemorrágico)
      • Isquemia miocárdica / IAM (dissecção de coronárias)
      • AVC isquêmico (dissecção de carótidas)
      • Isquemia mesentérica (abdome agudo isquêmico)
      • Isquemia de membros (dissecção de ilíacas/femorais)
      • Paraplegia (isquemia medular)
      • Insuficiência renal aguda (dissecção de artérias renais)
    • Sinais de alerta pós-operatórios (para equipe):
      • Sangramento de drenos >200 mL/h (reavaliação cirúrgica)
      • Instabilidade hemodinâmica refratária
      • Sinais de isquemia miocárdica / IAM
      • Alterações neurológicas novas
      • Oligúria / anúria (IRA)
    • Seguimento a longo prazo (após alta hospitalar):
      • Cirurgia cardiovascular / cirurgia torácica (acompanhamento seriado)
      • Angiotomografia de aorta: 1, 3, 6, 12 meses e anualmente após
      • Controle RIGOROSO da PA (meta PAS <120 mmHg, ideal <110 mmHg)
      • Betabloqueador VO contínuo em todos os pacientes
      • Modificação de fatores de risco: tabagismo (suspender), controle lipídico (estatina)
      • Atividade física: Restrita por 3-6 meses. Evitar esforços intensos, levantamento de peso >5kg, Valsalva
      • Retorno sexual: Após liberação médica (geralmente 4-6 semanas pós-cirurgia)
      • Gestação futura: Contraindicada ou alto risco (discutir com cirurgia cardiovascular e obstetra)
    • Prognóstico a longo prazo:
      • Sobrevida 5 anos: 60-80% (Stanford A operado), 40-60% (Stanford B)
      • Reintervenção: 20-30% em 5 anos (progressão de aneurisma, nova dissecção)
      • Qualidade de vida: Geralmente boa após recuperação, mas limitações físicas podem persistir

 

🔎 CID-10:

  • I71.0: Dissecção de aorta (qualquer parte)
  • I71.00: Dissecção da aorta torácica
  • I71.01: Dissecção da aorta toracoabdominal
  • I71.02: Dissecção da aorta abdominal
  • I71.03: Dissecção da aorta torácica e abdominal