Pancreatite aguda
Guia prático de prescrição e manejo da pancreatite aguda: hidratação vigorosa, analgesia escalonada, controle de náuseas, critérios de gravidade e orientações para alta hospitalar segura.
Paciente típico: Adulto, ❓ anos, previamente hígido, com dor epigástrica em faixa irradiando para dorso há ❓ horas, associada a náuseas e vômitos. História de etilismo ou litíase biliar conhecida.
🩺 Guia rápido
ℹ️ Clique nos tópicos abaixo para ver detalhes
História clínica típica
# História Clínica
Paciente refere dor abdominal epigástrica em faixa há ❓ horas, de início súbito, irradiando para dorso, intensidade ❓/10, contínua, sem fatores de melhora. Associada a náuseas e ❓ episódios de vômitos nas últimas 24h. História prévia de etilismo crônico / cálculo biliar conhecido / hipertrigliceridemia.
Nega febre, icterícia, colúria, acolia fecal, hematemese, melena ou hematoquezia. Nega sintomas urinários. Nega alergias medicamentosas.
# Exame físico
REG, consciente e orientado, corado, hidratado, acianótico, anictérico, afebril.
PA: ❓ mmHg | FC: ❓ bpm | FR: ❓ irpm | Tax: ❓°C | SatO2: ❓% em ar ambiente
Abdome: plano, doloroso à palpação em epigástrio, RHA presentes, sem massas ou visceromegalias, sem sinais de irritação peritoneal. Sem sinal de Cullen ou Grey-Turner.
Aparelho cardiovascular e respiratório sem alterações.
# HD
- Pancreatite aguda
- Investigar etiologia: litíase biliar, alcoólica, hipertrigliceridemia
# Conduta
- Jejum oral
- Hidratação venosa vigorosa
- Analgesia escalonada conforme intensidade da dor
- Antiemético se náuseas/vômitos
- Solicitar: amilase/lipase, HMG, Na, K, Cr, glicemia, TGO, LDH, cálcio, triglicerídeos, USG de abdome total
- Calcular escores de gravidade: Ranson, APACHE II
- Observação em leito com monitorização de sinais vitais
- Internação hospitalar
- Considerar CTI se Ranson > 2 ou APACHE II > 8
Prescrição para paciente típico
No pronto-socorro:
01. Cloreto de sódio 0,9% 500mL – fazer 5 a 10mL/kg/h EV contínuo (ajustar conforme peso e status cardiovascular)
02. Dipirona 1g/2mL (500mg/mL) – diluir 01 ampola (2mL) em 18mL de SF0,9%, fazer EV lento, de 6/6h
03. Bromoprida 10mg/2mL – diluir 01 ampola (2mL) em 18mL de AD, fazer EV lento, de 8/8h, se náuseas
# Se dor moderada a intensa:
04. Tramadol 50mg/mL – diluir 2mL em 100mL de SF0,9%, fazer EV em 30min, de 8/8h, se dor intensa
# Se dor refratária:
05. Morfina 10mg/mL – diluir 1mL em 9mL de SF0,9%, fazer 3 a 5mL EV lento, de 6/6h, se dor refratária
# Cuidados gerais:
- Dieta zero nas primeiras 48 horas
- Sinais vitais de 4/4h
- Monitorização contínua
- Controle de diurese
- Reavaliação clínica frequente
Para casa:
*Geralmente não há prescrição de alta, pois o paciente permanece internado*
Em casos de pancreatite leve, após melhora clínica e reinício de dieta oral:
01. Dipirona 500mg ––––––––––– 01 caixa
Tomar 1 a 2 comprimidos, VO, de 6/6h, se dor.
02. Ondansetrona 4mg ––––––––––– 01 caixa
Tomar 01 comprimido, VO, de 8/8h, se náuseas.
03. Omeprazol 20mg ––––––––––– 01 caixa
Tomar 01 cápsula, VO, pela manhã em jejum, por 30 dias.
🏥 NO PRONTO-SOCORRO
- ⚠️ MANEJO E CUIDADOS INICIAIS
- Avaliar estabilidade hemodinâmica e via aérea
- Garantir acesso venoso calibroso
- Iniciar hidratação vigorosa imediatamente
- Solicitar exames para confirmação diagnóstica: amilase ou lipase (elevação ≥3x o valor de referência), hemograma completo, função renal, eletrólitos, glicemia, TGO, LDH, cálcio, triglicerídeos
- Solicitar USG de abdome total para investigar litíase biliar (principal etiologia - 40%)
- Calcular escores de gravidade: Ranson (solicitar HMG, glicemia, LDH, TGO) e APACHE II (solicitar gasometria, Na, K, Cr, HMG)
- Critérios diagnósticos: necessário 2 de 3 critérios: (1) dor abdominal epigástrica típica irradiando para dorso; (2) amilase ou lipase ≥3x o limite superior; (3) achados de imagem característicos
- Sinais de alarme: Ranson >2 pontos, APACHE II >8, sinais de choque, insuficiência respiratória, alteração do nível de consciência, sinais de Cullen ou Grey-Turner
- Quando solicitar TC com contraste: não indicada na apresentação inicial, exceto se dúvida diagnóstica. Indicada após 72h se sinais de deterioração clínica, sepse ou pancreatite grave, para avaliar necrose pancreática ou complicações
- HIDRATAÇÃO VENOSA AGRESSIVA
- Prescrição prática:
Cloreto de sódio 0,9% 500mL – fazer 5 a 10mL/kg/h EV contínuoSe hipovolemia grave (hipotensão + taquicardia): Cloreto de sódio 0,9% 500mL – fazer 20mL/kg em 30min (bolus), seguido de 3mL/kg/h por 8 a 12h
- Indicações:
- Reposição volêmica imediata em todos os pacientes com pancreatite aguda
- Prevenir necrose pancreática e disfunção orgânica
- Corrigir hemoconcentração e sequestro de líquidos no terceiro espaço
- Apresentações:
- Soro fisiológico 0,9% - bolsas de 250mL, 500mL, 1000mL
- Via(s): 💉 EV
- Cuidados:
- Contraindicações relativas: insuficiência cardíaca, insuficiência renal, edema agudo de pulmão
- Ajustar velocidade de infusão conforme peso, idade, comorbidades e resposta clínica
- Monitorizar débito urinário (meta: >0,5mL/kg/h)
- Monitorizar sinais vitais de 4/4h
- Avaliar sinais de sobrecarga volêmica (estertores pulmonares, turgência jugular, edema de membros)
- Em idosos e cardiopatas, preferir 3-5mL/kg/h com monitorização rigorosa
- Prescrição prática:
- ANALGÉSICO
- Prescrição prática:
Dipirona 1g/2mL (500mg/mL) – 01 ampola (2mL) + 18mL de SF0,9%, EV lento em 3-5min, de 6/6hDipirona 1g/2mL (500mg/mL) – 01 ampola (2mL), IM profundo, de 6/6h
- Alternativas:
Paracetamol 1g/100mL – 01 bolsa, EV em 15min, de 6/6h (máx 4g/dia)
- Indicações:
- Dor leve a moderada na pancreatite aguda
- Primeira escolha para analgesia inicial
- Apresentações:
- Dipirona 500mg/mL - ampolas de 2mL (1g)
- Paracetamol 10mg/mL - frascos de 100mL (1g)
- Via(s): 💉 EV | 💉 IM
- Cuidados:
- Dose máxima de dipirona: 4g/dia (adulto), 40mg/kg/dia (pediátrico)
- Dose máxima de paracetamol: 4g/dia
- Evitar paracetamol em hepatopatia grave
- Infusão EV lenta de dipirona para prevenir hipotensão
- Idade mínima: dipirona >3 meses; paracetamol >1 mês
- Prescrição prática:
- ANALGÉSICO OPIOIDE FRACO (dor moderada a intensa)
- Prescrição prática:
Tramadol 50mg/mL – 2mL (100mg) + SF0,9% 100mL, EV em 30min, de 8/8hTramadol 50mg/mL – 1mL (50mg), IM profundo, de 8/8h
- Indicações:
- Dor moderada a intensa refratária a analgésicos simples
- Segunda escolha na escada analgésica
- Apresentações:
- Tramadol 50mg/mL - ampolas de 1mL (50mg) ou 2mL (100mg)
- Via(s): 💉 EV | 💉 IM
- Cuidados:
- Dose máxima: 400mg/dia
- Contraindicações: epilepsia não controlada, uso concomitante de IMAO, intoxicação aguda por álcool ou psicotrópicos
- Reduzir dose em idosos (iniciar com 50mg)
- Reduzir dose em insuficiência renal (ClCr <30mL/min)
- Reduzir dose em insuficiência hepática
- Pode causar náuseas, vômitos, tontura, sonolência
- Risco de síndrome serotoninérgica se uso concomitante com ISRS
- Não usar com ondansetrona (inibe efeito analgésico)
- Idade mínima: >12 anos
- Evitar em gestantes
- Prescrição prática:
- ANALGÉSICO OPIOIDE FORTE (dor intensa ou refratária)
- Prescrição prática:
Morfina 10mg/mL – 1mL + SF0,9% 9mL (diluição 1mg/mL), fazer 3 a 5mL (3 a 5mg) EV lento, de 4/4h a 6/6h, se dor intensaFentanil 50mcg/mL – 1 a 2mL (50 a 100mcg), EV lento em 2-3min, de 1/1h a 4/4h, se dor intensa
- Alternativas:
Meperidina 50mg/mL – 1 a 2mL (50 a 100mg), IM profundo, de 4/4h, se dor refratária
- Indicações:
- Dor intensa refratária a analgésicos simples e opioides fracos
- Literatura sugere preferência para fentanil e meperidina na pancreatite aguda
- Terceira escolha na escada analgésica
- Apresentações:
- Morfina 10mg/mL - ampolas de 1mL (10mg)
- Fentanil 50mcg/mL - ampolas de 2mL, 5mL e 10mL
- Meperidina 50mg/mL - ampolas de 2mL (100mg)
- Via(s): 💉 EV | 💉 IM
- Cuidados:
- Morfina: dose inicial de 2-5mg EV, pode repetir a cada 5-15min até controle da dor, dose máxima não definida
- Fentanil: dose inicial 25-100mcg EV, ajustar conforme resposta
- Meperidina: dose de 50-100mg IM/EV, máximo 600mg/dia
- Monitorizar depressão respiratória, hipotensão, bradicardia
- Manter oximetria de pulso
- Ter naloxona disponível como antídoto
- Contraindicações: trauma cranioencefálico, DPOC descompensado, íleo paralítico
- Reduzir dose em idosos e em insuficiência renal/hepática
- Meperidina: evitar em insuficiência renal (acúmulo de metabólito neurotóxico)
- Idade mínima: morfina >1 ano, fentanil >2 anos
- Importante: Apesar da literatura sugerir fentanil e meperidina como preferência na pancreatite aguda, morfina é amplamente utilizada e eficaz
- Prescrição prática:
- ANTIEMÉTICO
- Prescrição prática:
Bromoprida 10mg/2mL – 01 ampola (2mL) + 18mL de AD, EV lento em 3-5min, de 8/8hBromoprida 10mg/2mL – 01 ampola (2mL), IM profundo, de 8/8h
- Alternativas:
Ondansetrona 4mg/2mL – 01 ampola (2mL), EV em 2-5min, de 8/8hOndansetrona 8mg/4mL – 01 ampola (4mL) + SF0,9% 50mL, EV em 15min, de 8/8hMetoclopramida 10mg/2mL – 01 ampola (2mL) + SF0,9% 50mL, EV em 15min, de 8/8h
- Indicações:
- Náuseas e vômitos associados à pancreatite aguda
- Prevenir aspiração e desidratação
- Apresentações:
- Bromoprida 5mg/mL - ampolas de 2mL (10mg)
- Ondansetrona 2mg/mL - ampolas de 2mL (4mg) ou 4mL (8mg)
- Metoclopramida 5mg/mL - ampolas de 2mL (10mg)
- Via(s): 💉 EV | 💉 IM
- Cuidados:
- Bromoprida/Metoclopramida: dose máxima 30mg/dia
- Ondansetrona: dose máxima 32mg/dia
- Bromoprida e metoclopramida: evitar em epilepsia, feocromocitoma, Parkinson
- Risco de reações extrapiramidais (principalmente em jovens e idosos)
- Ondansetrona: pode prolongar intervalo QT
- Contraindicações: obstrução intestinal, perfuração intestinal
- Idade mínima: bromoprida >2 anos, ondansetrona >1 mês, metoclopramida >1 ano
- Gestantes: ondansetrona é mais segura (categoria B)
- Se refratariedade: associar ondansetrona + dexametasona 4-10mg EV
- Prescrição prática:
- ANTIBIÓTICO (NÃO é indicado de rotina)
- Prescrição prática:
Antibioticoprofilaxia NÃO está indicada de rotina na pancreatite agudaSe suspeita de infecção associada ou necrose pancreática infectada:Meropenem 1g – diluir em SF0,9% 100mL, fazer EV em 30min, de 8/8hCiprofloxacino 400mg/200mL – 01 bolsa, EV em 60min, de 12/12h
- Alternativas:
Imipenem + Cilastatina 500mg – diluir em SF0,9% 100mL, fazer EV em 30min, de 6/6hPiperacilina + Tazobactam 4,5g – diluir em SF0,9% 100mL, fazer EV em 30min, de 8/8hMetronidazol 500mg/100mL – 01 bolsa, EV em 60min, de 8/8h (associar a quinolona ou cefalosporina)
- Indicações:
- CRÍTICO: Antibioticoterapia NÃO é indicada de rotina na pancreatite aguda, independentemente do tipo (intersticial ou necrotizante) ou gravidade
- Indicações formais: necrose pancreática infectada (suspeita ou confirmada), colangite associada, sepse de outro foco
- Se culturas negativas e nenhuma fonte de infecção identificada, descontinuar antibiótico
- Apresentações:
- Carbapenêmicos: meropenem, imipenem, ertapenem
- Quinolonas: ciprofloxacino, levofloxacino
- Metronidazol (anaeróbios)
- Via(s): 💉 EV
- Cuidados:
- Ajustar dose conforme função renal
- Colher culturas antes de iniciar antibiótico
- Duração: 7-14 dias conforme evolução clínica
- Germes mais comuns na necrose infectada: E. coli, Pseudomonas, Klebsiella, Enterococcus (geralmente monomicrobiana)
- Considerar punção aspirativa guiada por TC para cultura
- Carbapenêmicos, quinolonas e metronidazol têm boa penetração pancreática
- Risco de seleção de germes multirresistentes com uso indiscriminado
- Prescrição prática:
- SUPORTE NUTRICIONAL
- Prescrição prática:
Dieta zero nas primeiras 48hApós melhora clínica: dieta líquida → branda com baixo teor de gordura → geral
- Indicações:
- Repouso pancreático na fase aguda
- Reinício de dieta quando: dor diminuindo, marcadores inflamatórios melhorando, apetite retornando (geralmente 24-48h após início)
- Cuidados:
- Até 1 semana: possível conduzir com hidratação EV isolada
- Pancreatite grave >7 dias: considerar sonda nasojejunal pós-ângulo de Treitz
- Nutrição parenteral: último recurso, >48h do início, para reduzir risco de infecção
- Progredir dieta conforme tolerância clínica
- Evitar alimentos gordurosos inicialmente
- Prescrição prática:
- CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO EM CTI
- Ranson >2 pontos
- APACHE II >8 nas primeiras 24h
- Sinais de choque ou instabilidade hemodinâmica
- Insuficiência respiratória
- Alteração do nível de consciência
- Disfunção orgânica
- Necessidade de monitorização invasiva
- CONDUTAS ESPECÍFICAS POR ETIOLOGIA
- Pancreatite biliar:
- Solicitar USG de abdome para confirmar litíase
- Se cálculo obstrutivo com dilatação de vias biliares ou colangite associada: CPRE nas primeiras 24h
- Colecistectomia assim que condições clínicas permitirem, de preferência na mesma internação
- Pancreatite biliar leve: colecistectomia em até 7 dias após recuperação
- Pancreatite biliar grave: adiar colecistectomia até resolução do processo inflamatório
- Pancreatite alcoólica:
- Abstinência alcoólica absoluta
- Suporte nutricional e reposição de tiamina
- Encaminhamento para programa de tratamento de dependência química
- Hipertrigliceridemia (TG >1000mg/dL):
- Controle glicêmico rigoroso se diabético
- Jejum oral
- Considerar plasmaférese em casos graves
- Após fase aguda: fibratos para controle lipídico
- Pancreatite biliar:
🏠 PARA CASA
NOTA IMPORTANTE: A pancreatite aguda geralmente requer internação hospitalar. A alta para casa só é apropriada em casos leves selecionados, após melhora clínica substancial, tolerância oral adequada e ausência de complicações.
- ANALGÉSICO
- Prescrição:
Dipirona 500mg – Tomar 1 a 2 comprimidos, VO, de 6/6h, se dor - Indicações: Dor residual leve após alta hospitalar
- Apresentações: Comprimidos de 500mg, caixas com 10, 20 ou 30 comprimidos
- Posologia: 500-1000mg a cada 6h, se necessário
- Cuidados:
- Dose máxima: 4g/dia (8 comprimidos de 500mg)
- Tomar com alimentos para reduzir irritação gástrica
- Se dor persistente ou intensa, retornar ao pronto-socorro
- Alternativa(s):
Paracetamol 750mg – Tomar 1 comprimido, VO, de 6/6h, se dor (máx 4g/dia)
- Prescrição:
- ANTIEMÉTICO
- Prescrição:
Ondansetrona 4mg – Tomar 1 comprimido, VO, de 8/8h, se náuseas - Indicações: Náuseas ou vômitos residuais após alta
- Apresentações: Comprimidos convencionais de 4mg ou 8mg, comprimidos orodispersíveis (flash)
- Posologia: 4-8mg a cada 8h, se necessário
- Cuidados:
- Dose máxima: 24mg/dia
- Pode causar cefaleia e constipação
- Se vômitos persistentes, retornar ao pronto-socorro
- Alternativa(s):
Metoclopramida 10mg – Tomar 1 comprimido, VO, de 8/8h, se náuseasBromoprida 10mg – Tomar 1 comprimido, VO, de 8/8h, se náuseas
- Prescrição:
- PROTETOR GÁSTRICO
- Prescrição:
Omeprazol 20mg – Tomar 1 cápsula, VO, pela manhã em jejum, por 30 dias - Indicações: Proteção gástrica durante recuperação da pancreatite
- Apresentações: Cápsulas de 20mg ou 40mg
- Posologia: 20mg pela manhã, 30-60min antes do café da manhã
- Cuidados:
- Uso prolongado pode causar deficiência de B12 e magnésio
- Risco de infecções intestinais (C. difficile)
- Reavaliação após 4-8 semanas
- Alternativa(s):
Pantoprazol 40mg – Tomar 1 comprimido, VO, pela manhã em jejum, por 30 dias
- Prescrição:
- CONTROLE DE TRIGLICERÍDEOS (se hipertrigliceridemia)
- Prescrição:
Fenofibrato 160mg – Tomar 1 comprimido, VO, 1x ao dia junto com refeição, uso contínuo - Indicações: Pacientes com pancreatite por hipertrigliceridemia (TG >1000mg/dL)
- Apresentações: Comprimidos de 160mg ou 200mg
- Posologia: 160-200mg 1x ao dia
- Cuidados:
- Controlar função hepática e renal periodicamente
- Evitar em insuficiência renal grave
- Pode aumentar risco de miopatia, especialmente se associado a estatina
- Usar com alimentação para melhor absorção
- Prescrição:
- 👨🏻⚕️ Orientações ao paciente
- Sinais de alarme - retornar imediatamente ao pronto-socorro:
- Dor abdominal intensa ou que piora progressivamente
- Febre persistente (>38°C)
- Vômitos incoercíveis ou incapacidade de tolerar líquidos por >24h
- Icterícia (pele ou olhos amarelados)
- Confusão mental, sonolência excessiva ou alteração do nível de consciência
- Falta de ar, dificuldade respiratória
- Sinais de desidratação: boca seca, diminuição da urina, tontura ao levantar
- Distensão abdominal progressiva
- Sangramento (vômitos com sangue, fezes escuras ou com sangue)
- Recuperação esperada:
- 80% dos casos: pancreatite leve com recuperação em 3-5 dias
- 20% dos casos: pancreatite moderada a grave, recuperação mais prolongada
- Retorno gradual às atividades conforme tolerância
- Recuperação completa pode levar semanas
- Restrições de atividade:
- Repouso relativo nas primeiras 1-2 semanas após alta
- Evitar atividades físicas intensas até liberação médica
- Retorno ao trabalho conforme orientação médica (geralmente 1-4 semanas)
- Orientações dietéticas - MUITO IMPORTANTE:
- Abstinência alcoólica absoluta e permanente (risco de recorrência e pancreatite crônica)
- Iniciar com dieta líquida, progredir gradualmente
- Preferir alimentos leves, cozidos, assados ou grelhados
- Evitar alimentos gordurosos, frituras, carnes gordas nos primeiros 30 dias
- Evitar alimentos processados, embutidos, fast-food
- Refeições pequenas e frequentes (5-6 vezes ao dia)
- Boa hidratação oral (2-3L água/dia)
- Evitar café e alimentos muito condimentados inicialmente
- Se hipertrigliceridemia: dieta hipogordurosa (<20-30g gordura/dia), controle de carboidratos simples
- Modificações no estilo de vida:
- ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA PERMANENTE - essencial para prevenir recorrência
- Suspender tabagismo (aumenta risco de complicações)
- Controle de peso se obesidade
- Controle glicêmico rigoroso se diabetes
- Controle de triglicerídeos se dislipidemia
- Evitar medicamentos potencialmente pancreatotóxicos sem orientação médica
- Seguimento ambulatorial:
- Retorno ao gastroenterologista em 7-14 dias após alta
- Agendar consulta antes de sair do hospital
- Levar exames realizados durante internação
- Se pancreatite biliar: agendar colecistectomia eletiva
- Controle laboratorial: amilase, lipase, hemograma, função hepática e renal conforme orientação
- Avaliação nutricional se perda ponderal significativa
- Encaminhamento para tratamento de dependência química se alcoolismo
- Sinais de alarme - retornar imediatamente ao pronto-socorro:
🔎 CID-10:
- K85.0: Pancreatite aguda idiopática
- K85.1: Pancreatite aguda biliar
- K85.2: Pancreatite aguda induzida por álcool
- K85.3: Pancreatite aguda induzida por drogas
- K85.9: Pancreatite aguda não especificada