Skip to main content

Crise Convulsiva

Guia prático para manejo de crise convulsiva na emergência: prescrições detalhadas, classificação etiológica, investigação diagnóstica, tratamento do status epilepticus, indicações de internação e orientações de alta.

Paciente típico: Adulto jovem, 28 anos, previamente hígido, trazido ao PS por familiares após apresentar episódio de movimentos tônico-clônicos generalizados com duração de aproximadamente 2 minutos, atualmente em período pós-ictal com confusão mental e sonolência.


🩺 Guia rápido

ℹ️ Clique nos tópicos abaixo para ver detalhes

História clínica típica
# História Clínica
Paciente de ❓ anos, trazido por familiares ao PS após episódio de crise convulsiva há ❓ minutos/horas. Segundo testemunhas, paciente apresentou perda súbita da consciência seguida de movimentos tônico-clônicos generalizados dos quatro membros, com duração de aproximadamente ❓ minutos. Apresentou cianose labial, mordedura de língua, sialorreia e incontinência urinária. Após o término da crise, manteve-se confuso e sonolento. 

Sintomas associados: cefaleia, febre, vômitos, trauma craniano.
Fatores precipitantes: privação de sono, consumo de álcool, uso de medicações, luzes piscantes.
Nega TCE prévio, cirurgias neurológicas, infecções do SNC.
Nega uso regular de anticonvulsivantes.
Nega alergias medicamentosas.

# Exame físico
REG, confuso, sonolento, responsivo a comandos verbais.
PA: ❓ mmHg | FC: ❓ bpm | FR: ❓ irpm | Tax: ❓°C | SatO2: ❓% em AA
Pupilas isocóricas e fotorreagentes.
Ausência de rigidez de nuca.
Força muscular preservada globalmente, sem déficits focais.
Sem sinais de trauma.

# HD
- Primeira crise convulsiva tônico-clônica generalizada
- Investigar crise provocada vs. sintomática aguda vs. sintomática remota

# Conduta
- Estabilização inicial (ABC, O2 se necessário, acesso venoso)
- Glicemia capilar imediata, correção se hipoglicemia
- Lateralização do paciente
- Não introduzir objetos na boca durante crise
- Solicitar: TC de crânio, hemograma, eletrólitos (Na, K, Ca, Mg), ureia, creatinina, glicemia, função hepática
- Aguardar período pós-ictal sem medicar se crise já cessou
- Anticonvulsivante apenas se: crise > 5 min, crises recorrentes ou status epilepticus
- Observação clínica
- Encaminhamento neurologia (ambulatorial)
- Alta se primeira crise única, TC normal, sem comorbidades, com familiar responsável
- Afastamento: ❓ dias (avaliar caso a caso)
Prescrição para paciente típico
No pronto-socorro:
# OBSERVAÇÃO: Maioria das crises é autolimitada e NÃO requer medicação
# Medicar apenas se: crise > 5 min, crises recorrentes ou status epilepticus

01. SF 0,9% 500 mL – Correr 250 mL EV em 2h, após manter acesso salinizado

# SE CRISE EM CURSO (> 5 min):
02. Diazepam 10mg/2mL – 01 ampola (10mg) EV pura, sem diluir (se crise persistente, repetir após 3-5 min)
    Velocidade máxima: 2-5 mg/min | Dose máxima: 30-40 mg

# SE STATUS EPILEPTICUS (refratário a benzodiazepínicos):
03. Fenitoína 250mg/5mL – 20 mL (1.000mg) + SF 0,9% 250 mL, EV em 30 min
    Dose: 15-20 mg/kg | Velocidade máxima: 50 mg/min

# SINTOMÁTICOS (se necessário):
04. Glicose 50% 20 mL – Aplicar EV lento, se glicemia < 70 mg/dL
05. Tiamina 100mg/mL – 01 ampola (100mg) IM, se etilista ou desnutrido (aplicar ANTES da glicose)

# PROTEÇÃO GÁSTRICA:
06. Omeprazol 40mg – 01 comprimido VO em jejum

# SE NÁUSEAS/VÔMITOS:
07. Bromoprida 10mg/2mL – 01 ampola (10mg) + 18 mL de AD, EV lento, se necessário

# CUIDADOS:
- Dieta oral liberada após recuperação completa da consciência
- Decúbito lateral durante observação
- Oximetria contínua
- Glicemia capilar na chegada e periódica (4/4h se internado)
- Proteger de quedas/traumas
- Observação neurológica
Para casa:
# IMPORTANTE: Anticonvulsivante crônico NÃO está indicado após primeira crise única
# Iniciar anticonvulsivante apenas se: lesão estrutural epileptogênica na TC/RM,
# atividade epileptiforme no EEG, ou após segunda crise não provocada

# ORIENTAÇÕES GERAIS:
01. Aguardar avaliação neurológica ambulatorial com TC de crânio e EEG
02. Evitar dirigir, operar máquinas, subir em locais altos até liberação médica
03. Retornar imediatamente se nova crise

# SE PACIENTE EPILÉPTICO CONHECIDO (má aderência):
01. [Anticonvulsivante habitual do paciente] – Reinstituir conforme receita anterior
    Exemplo: Fenitoína 100mg ––––––––––– 90 comprimidos
    Tomar 01 comprimido, VO, de 8/8h, uso contínuo
Para casa (receituário especial):
# APENAS SE PACIENTE EPILÉPTICO CONHECIDO OU APÓS AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA:

01. Fenitoína 100mg ––––––––––– 90 comprimidos
    Tomar 01 comprimido, VO, de 8/8h (3x/dia), uso contínuo

OU

01. Carbamazepina 200mg ––––––––––– 90 comprimidos
    Tomar 01 comprimido, VO, de 8/8h (3x/dia), uso contínuo

OU

01. Ácido Valproico 500mg ––––––––––– 60 comprimidos
    Tomar 01 comprimido, VO, de 12/12h (2x/dia), uso contínuo

🏥 NO PRONTO-SOCORRO

  • ⚠️ MANEJO E CUIDADOS INICIAIS

    • ABCDE: Priorizar estabilização clínica e proteção de vias aéreas
    • Lateralização: Posicionar paciente em decúbito lateral para prevenir broncoaspiração
    • NÃO introduzir objetos na boca durante a crise (risco de trauma e obstrução)
    • NÃO conter movimentos com força excessiva (risco de fraturas/luxações)
    • Glicemia capilar imediata: Hipoglicemia é causa reversível e deve ser corrigida prontamente
    • Oximetria e O2 suplementar se SatO2 < 94%
    • Acesso venoso periférico
    • Proteção contra traumas: Afastar objetos, proteger cabeça
    • Aguardar resolução espontânea: A maioria das crises cessa em 2-3 minutos
    • Medicação anticonvulsivante: Indicada APENAS se crise > 5 minutos, crises recorrentes ou status epilepticus
    • Tiamina 100mg IM: Em etilistas ANTES de glicose (prevenir encefalopatia de Wernicke)

    Classificação etiológica:

    • Crise provocada: Fator agudo transitório (eletrólitos, hipoglicemia, abstinência, medicações, sepse)
    • Crise sintomática aguda: Lesão neurológica nos últimos 7 dias (AVE, TCE, infecção SNC)
    • Crise sintomática remota: Lesão cerebral antiga > 7 dias (sequela AVE, TCE prévio)

    Valores de corte que cursam com crise:

    • Glicemia < 36 ou > 450 mg/dL
    • Sódio < 115 mEq/L
    • Cálcio < 5,0 mg/dL
    • Creatinina > 10 mg/dL

    Investigação (primeira crise):

    • Hemograma, eletrólitos (Na, K, Ca, Mg), glicemia, ureia, creatinina, função hepática
    • TC de crânio sem contraste (obrigatório em primeira crise para excluir lesão estrutural)
    • EEG (ambulatorial, após alta)
    • Punção lombar se suspeita de meningoencefalite
    • Nível sérico de anticonvulsivante em epiléptico conhecido

    Sinais de alarme:

    • Crise > 5 minutos
    • Crises recorrentes sem recuperação da consciência entre elas (status epilepticus)
    • Período pós-ictal prolongado (> 30-60 min)
    • Déficit neurológico focal persistente
    • Febre + rigidez de nuca (suspeita meningoencefalite)
    • TCE associado
    • Primeira crise em idoso (investigar AVE, tumor)

  • BENZODIAZEPÍNICO (Primeira linha para crise em curso)
    • Prescrição prática:
      • Diazepam 10mg/2mL – 01 ampola (10mg) EV pura (sem diluir), em bólus lento
      • Velocidade: 2-5 mg/min | Repetir após 3-5 min se persistência
      • Dose máxima: 30-40 mg total
    • Alternativas:
      • Midazolam 5mg/mL – 2 mL (10mg) IM dose única, se acesso venoso difícil
      • Diazepam 10mg/2mL – 4 mL (20mg) via retal, se sem acesso venoso
    • Indicações:
      • Crise convulsiva em curso com duração > 5 minutos
      • Status epilepticus (primeira linha)
    • Apresentações:
      • Diazepam: ampola 10mg/2mL
      • Midazolam: ampola 5mg/mL (5mg, 15mg, 50mg)
    • Via(s): 💉 EV | 💉 IM (midazolam) | Retal (diazepam)
    • Cuidados:
      • Depressão respiratória: Monitorar oximetria, ter material de IOT disponível
      • Hipotensão: Monitorar PA, especialmente em idosos
      • Diazepam EV deve ser administrado PURO (não diluir), exceto em bomba de infusão contínua
      • Se diluir diazepam: usar SF 0,9% ou SG 5%, estável por até 4h (precipita facilmente)
      • Midazolam IM é preferível ao diazepam IM (melhor absorção)
      • Dose midazolam: 0,2 mg/kg IM (máximo 10mg)
      • Não usar diazepam IM (absorção errática)
      • Velocidade de infusão: não exceder 2-5 mg/min para diazepam EV

 

  • FENITOÍNA (Segunda linha - Status epilepticus refratário)
    • Prescrição prática:
      • Fenitoína 250mg/5mL – 20 mL (1.000mg para 70kg) + SF 0,9% 250 mL, EV em 30-40 min
      • Dose de ataque: 15-20 mg/kg | Velocidade máxima: 50 mg/min
      • Manutenção: Fenitoína 100mg EV de 8/8h (após dose de ataque)
    • Alternativas:
      • Fenobarbital 200mg/2mL (ver abaixo) – terceira linha
      • Levetiracetam 500mg/5mL – 30-60 mg/kg EV (não disponível no SUS em muitos locais)
    • Indicações:
      • Status epilepticus refratário a benzodiazepínicos
      • Crise convulsiva que não cessa após 2 doses de diazepam
    • Apresentações:
      • Ampola 250mg/5mL (50mg/mL)
    • Via(s): 💉 EV
    • Cuidados:
      • NUNCA diluir em solução glicosada (precipita imediatamente)
      • Usar APENAS SF 0,9% ou Ringer Lactato
      • Monitorar ritmo cardíaco (arritmias, bradicardia, hipotensão)
      • Velocidade > 50 mg/min → risco de arritmia e hipotensão
      • Flebite comum (veia calibrosa preferível)
      • Cálculo dose: Peso × 20 ÷ 250 = número de ampolas
      • Exemplo 50kg: 4 ampolas + 250 mL SF 0,9%, correr em 30 min
      • Exemplo 70kg: 5-6 ampolas + 250 mL SF 0,9%, correr em 40 min
      • Exemplo 90kg: 7 ampolas + 250 mL SF 0,9%, correr em 50 min
      • Contraindicações: Bloqueio AV, bradicardia sinusal grave, hipersensibilidade
      • Interações: Fenitoína tem múltiplas interações medicamentosas
      • Monitorar nível sérico em uso crônico (alvo: 10-20 mcg/mL)

 

  • FENOBARBITAL (Terceira linha - Status epilepticus super-refratário)
    • Prescrição prática:
      • Fenobarbital 200mg/2mL – 10 mL (para 100kg) + SF 0,9% 90 mL, EV em 20 min
      • Dose: 10-20 mg/kg | Velocidade máxima: 50-100 mg/min
      • Diluição: 1:9 (concentração final 10 mg/mL)
    • Alternativas:
      • Se refratário: sedação com midazolam, propofol ou tiopental (UTI)
    • Indicações:
      • Status epilepticus refratário a benzodiazepínicos + fenitoína
      • Terceira linha no tratamento escalonado
    • Apresentações:
      • Ampola 100mg/mL (2mL) ou 200mg/2mL
    • Via(s): 💉 EV | 💉 IM
    • Cuidados:
      • Depressão respiratória grave: Preparar IOT antes de administrar
      • Hipotensão: Comum, especialmente com infusão rápida
      • Sedação profunda: Esperar necessidade de VM
      • Calcular: 0,1 mL/kg para apresentação 100mg/mL ou 1 mL a cada 10kg
      • Diluir em SF 0,9% na proporção 1:9 (concentração final 10 mg/mL)
      • Velocidade: não exceder 50-100 mg/min
      • Monitorar PA, FC, FR, oximetria continuamente
      • Contraindicações: porfiria aguda, insuficiência respiratória grave
      • Meia-vida longa (até 5 dias em adultos)
      • Difícil de suspender posteriormente (síndrome de abstinência grave)

 

  • SEDAÇÃO CONTÍNUA (Quarta linha - Status epilepticus super-refratário)
    • Prescrição prática:
      • Midazolam 50mg/10mL – 30 mL (150mg) + SF 0,9% 120 mL EV (concentração 1 mg/mL)
      • Dose de ataque: 0,2 mg/kg EV lento
      • Manutenção: 0,05-0,4 mg/kg/h em BIC
    • Alternativas:
      • Propofol 1% ou 2% – Ataque: 1-2 mg/kg | Manutenção: 5-10 mg/kg/h
      • Tiopental 25mg/mL – Ataque: 100-250 mg | Manutenção: 3-5 mg/kg/h
    • Indicações:
      • Status epilepticus refratário às 3 linhas anteriores
      • Requer IOT + VM + monitorização com EEG contínuo
      • Manejo em UTI
    • Apresentações:
      • Midazolam: ampola 5mg/mL, 15mg/3mL, 50mg/10mL
      • Propofol: ampola 10mg/mL (200mg/20mL) ou 20mg/mL
      • Tiopental: frasco 500mg ou 1000mg (reconstituir)
    • Via(s): 💉 EV contínuo (bomba de infusão)
    • Cuidados:
      • Somente em ambiente de terapia intensiva
      • Intubação orotraqueal obrigatória antes de iniciar
      • Monitorização com EEG contínuo (burst-suppression)
      • Propofol: Risco de síndrome da infusão (acidose, rabdomiólise, PCR)
      • Propofol: Diluir apenas em SG 5%, não usar SF 0,9%
      • Tiopental: Reconstituir em SF 0,9% (concentração 25 mg/mL)
      • Hipotensão grave é comum → usar vasopressores
      • Titular dose conforme resposta no EEG
      • Tempo de sedação: geralmente 24-48h, depois desmame gradual
      • Contraindicações propofol: alergia a ovo/soja, insuficiência cardíaca grave

 

  • GLICOSE HIPERTÔNICA (Correção de hipoglicemia)
    • Prescrição prática:
      • Glicose 50% – 01 ampola (20 mL = 10g), EV lento (push)
      • Repetir glicemia capilar após 15 minutos
    • Alternativas:
      • Glicose 25% – 40 mL (20g) EV, se preferir concentração menor
      • Glucagon 1mg IM, se acesso venoso indisponível
    • Indicações:
      • Glicemia capilar < 70 mg/dL
      • Hipoglicemia é causa reversível de crise convulsiva
    • Apresentações:
      • Ampola glicose 50%: 20 mL (10g de glicose)
      • Ampola glicose 25%: 20 mL (5g de glicose)
    • Via(s): 💉 EV
    • Cuidados:
      • Administrar tiamina 100mg IM ANTES em etilistas/desnutridos
      • Glicose sem tiamina pode precipitar encefalopatia de Wernicke
      • Infusão rápida pode causar flebite
      • Dose: 10-20g (1-2 ampolas glicose 50%)
      • Repetir glicemia após 15 min e ajustar conduta
      • Se glicemia não normalizar: iniciar infusão contínua SG 5% ou SG 10%
      • Extravasamento causa necrose tecidual (atenção!)

 

  • TIAMINA (Prevenção encefalopatia de Wernicke)
    • Prescrição prática:
      • Tiamina 100mg/mL – 01 ampola (100mg), IM dose única
      • Administrar ANTES da glicose em etilistas e desnutridos
    • Indicações:
      • Paciente etilista crônico
      • Desnutrição
      • Situações de risco para deficiência de tiamina
    • Apresentações:
      • Ampola 100mg/mL (1mL ou 2mL)
    • Via(s): 💉 IM | 💉 EV
    • Cuidados:
      • Administrar SEMPRE ANTES da glicose em pacientes de risco
      • Via IM é preferível (menor risco de reação anafilática)
      • Via EV: diluir em SF 0,9% 50-100 mL, correr em 30 min
      • Reação anafiláctica é rara mas possível (ter adrenalina disponível)
      • Dose: 100mg/dia por 3-5 dias em internados
      • Após estabilização: tiamina 100mg VO diário (manutenção)

 

  • PROTETOR GÁSTRICO
    • Prescrição prática:
      • Omeprazol 40mg – 01 comprimido VO em jejum, 1x/dia
      • Omeprazol 40mg/10mL – diluir em 90 mL SF 0,9%, EV em 20 min, 1x/dia
    • Alternativas:
      • Pantoprazol 40mg – 01 comprimido VO em jejum
      • Pantoprazol 40mg – diluir em SF 0,9% 100 mL, EV em 20 min
    • Indicações:
      • Profilaxia de úlcera de estresse em pacientes internados
      • Uso de corticosteroides
    • Apresentações:
      • Comprimidos: 20mg, 40mg
      • Ampolas EV: 40mg
    • Via(s): 💊 Oral | 💉 EV
    • Cuidados:
      • Tomar em jejum, 30 min antes do café
      • Não mastigar comprimido (revestimento entérico)
      • Interação com clopidogrel (reduz eficácia)

 

  • ANTIEMÉTICO
    • Prescrição prática:
      • Bromoprida 10mg/2mL – 01 ampola (10mg) + 18 mL AD, EV lento, de 8/8h
    • Alternativas:
      • Metoclopramida 10mg/2mL – 01 ampola (10mg) + 18 mL AD, EV lento, de 8/8h
      • Ondansetrona 8mg/4mL – 01 ampola EV lento, de 8/8h
    • Indicações:
      • Náuseas e vômitos no período pós-ictal
    • Apresentações:
      • Bromoprida: ampola 10mg/2mL
      • Metoclopramida: ampola 10mg/2mL
      • Ondansetrona: ampola 4mg/2mL ou 8mg/4mL
    • Via(s): 💉 EV | 💉 IM | 💊 Oral
    • Cuidados:
      • Diluir em água destilada (10-20 mL)
      • Sintomas extrapiramidais (raros): acatisia, distonia
      • Contraindicação: epilepsia não controlada (baixa limiar convulsivo)
      • Dose máxima: 30mg/dia
      • Evitar uso prolongado

🏠 PARA CASA

CONCEITO FUNDAMENTAL:

  • Após primeira crise única sem lesão estrutural ou alteração no EEG, NÃO está indicado iniciar anticonvulsivante crônico
  • Anticonvulsivante crônico está indicado apenas em:
    • Segunda crise não provocada (= diagnóstico de epilepsia)
    • Primeira crise COM lesão epileptogênica na neuroimagem
    • Primeira crise COM atividade epileptiforme no EEG
    • Primeira crise noturna (risco aumentado)
  • Paciente epiléptico conhecido com má aderência: reinstituir medicação habitual
  • Ajuste de dose ou troca de anticonvulsivante: encaminhar para neurologista

 

  • ANTICONVULSIVANTE CRÔNICO (Apenas se indicado)
    • Prescrição:
      • Fenitoína 100mg – Tomar 01 comprimido, VO, de 8/8h (3x/dia), uso contínuo
      • Quantidade: 90-180 comprimidos (prescrição controlada - notificação B)
    • Indicações:
      • Epilepsia confirmada (duas ou mais crises)
      • Primeira crise com lesão estrutural epileptogênica
      • Primeira crise com EEG epileptiforme
    • Apresentações:
      • Comprimidos 100mg
    • Posologia:
      • Adultos: 300-400 mg/dia (dividido 8/8h ou 12/12h)
      • Dose usual: 5-7 mg/kg/dia
      • Ajustar conforme nível sérico (alvo 10-20 mcg/mL)
    • Cuidados:
      • Requer receituário de controle especial (notificação B)
      • Tomar sempre no mesmo horário
      • Não suspender abruptamente (risco de crise)
      • Cinética saturável: pequenos aumentos de dose → grandes aumentos no nível sérico
      • Induz metabolismo de outras drogas (anticoagulantes, anticoncepcionais, etc)
      • Efeitos colaterais: hiperplasia gengival, hirsutismo, ataxia, nistagmo
      • Toxicidade: ataxia, diplopia, nistagmo, confusão (geralmente > 20 mcg/mL)
      • Interações: múltiplas (warfarina, ACO, carbamazepina, valproato, etc)
      • Monitorar função hepática periodicamente
      • Mulheres em idade fértil: Suplementar ácido fólico 5mg/dia
      • Contraindicações: gravidez categoria D, bloqueio AV
    • Alternativa(s):
      • Carbamazepina 200mg – Tomar 01 comprimido, VO, de 8/8h, uso contínuo (crises focais)
      • Ácido Valproico 500mg – Tomar 01 comprimido, VO, de 12/12h, uso contínuo (crises generalizadas)
      • Levetiracetam 500mg – Tomar 01 comprimido, VO, de 12/12h, uso contínuo (menos interações, custo maior)

 

  • ORIENTAÇÕES GERAIS (Primeira crise)
    • Prescrição:
      • Retorno com neurologista para avaliação e solicitação de EEG
      • Trazer resultado da TC de crânio na consulta
    • Indicações:
      • Todo paciente com primeira crise convulsiva não provocada
    • Cuidados:
      • Aguardar avaliação neurológica antes de iniciar anticonvulsivante crônico
      • Investigação ambulatorial completa (EEG, RM se TC alterada)
      • Seguimento para definir necessidade de tratamento crônico

  • 👨🏻‍⚕️ Orientações ao paciente
    • Retornar IMEDIATAMENTE ao pronto-socorro se:

      • Nova crise convulsiva
      • Crise com duração > 5 minutos
      • Múltiplas crises em sequência
      • Febre, rigidez de nuca, cefaleia intensa (suspeita meningite)
      • Confusão mental prolongada (> 1-2 horas)
      • Fraqueza ou paralisia de um lado do corpo
      • Dificuldade para falar
      • Trauma craniano durante crise
    • Restrições de atividades:

      • NÃO dirigir veículos até liberação médica (geralmente 6-12 meses sem crises)
      • NÃO operar máquinas perigosas
      • NÃO subir em locais altos (escadas, andaimes)
      • NÃO nadar sozinho (risco de afogamento)
      • Evitar atividades de risco até avaliação neurológica
      • Banho de chuveiro preferível (evitar banheira)
    • Evolução esperada:

      • Período pós-ictal pode durar minutos a horas (confusão, sonolência, cefaleia)
      • Recuperação neurológica completa esperada em 24-48h
      • Paresia de Todd (fraqueza focal transitória) pode durar até 48h
      • Mialgias difusas são comuns nos dias seguintes
    • Modificações de estilo de vida:

      • Dormir 7-8 horas por noite (privação de sono é gatilho)
      • Evitar consumo excessivo de álcool
      • Evitar luzes piscantes se fotossensível
      • Controlar estresse
      • Aderir rigorosamente à medicação SE prescrita
      • Não suspender anticonvulsivante abruptamente (risco de status epilepticus)
    • Seguimento:

      • Consulta com neurologista em 15-30 dias
      • Levar resultado da TC de crânio
      • EEG será solicitado pelo neurologista
      • Reavaliação periódica se iniciar anticonvulsivante
    • Informações importantes:

      • Primeira crise única NÃO significa epilepsia
      • Maioria dos pacientes não terá nova crise
      • Anticonvulsivante geralmente não é necessário após primeira crise isolada
      • Familiares devem saber o que fazer durante crise:
        • Lateralizar paciente
        • Afastar objetos
        • NÃO introduzir nada na boca
        • NÃO segurar/conter com força
        • Cronometrar duração
        • Chamar 192 se > 5 minutos
    • Afastamento laboral:

      • Geralmente não necessário após primeira crise única
      • Se atividade de risco: afastar até avaliação neurológica
      • Motoristas profissionais: afastamento prolongado conforme legislação

🔎 CID-10:

  • G40.9: Epilepsia, não especificada
  • G41.0: Estado de mal epiléptico de grande mal convulsivo (status epilepticus)
  • G41.9: Estado de mal epiléptico, não especificado
  • R56.0: Convulsões febris
  • R56.8: Outras convulsões e as não especificadas (primeira crise)