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Tromboembolismo Pulmonar (TEP)

Guia completo para diagnóstico e tratamento do TEP na emergência: estratificação de risco, anticoagulação plena, trombólise, manejo hemodinâmico e alta segura com anticoagulação oral.

Paciente típico: Adulto, 50-70 anos, com dispneia súbita, taquicardia e dor torácica pleurítica. História de imobilização recente, cirurgia ou viagem prolongada. Pode apresentar edema assimétrico de membro inferior.

 

🩺 Guia rápido

ℹ️ Clique nos tópicos abaixo para ver detalhes

História clínica típica
# História Clínica
Paciente relata dispneia de início súbito há ❓ horas/dias, de intensidade progressiva.
Associada a dor torácica pleurítica (piora com inspiração profunda) em hemitórax ❓.
Taquicardia, sudorese e ansiedade.
Nega febre, tosse produtiva ou hemoptise.
Relata ❓ [cirurgia recente / imobilização prolongada / viagem longa / uso de anticoncepcional / neoplasia ativa].
Nega alergias medicamentosas.

# Exame físico
REG, taquipneico, ansioso, sudoreico
PA: ❓ mmHg | FC: ❓ bpm (geralmente > 100) | FR: ❓ irpm (geralmente > 20) | Tax: ❓°C | SatO2: ❓% em ar ambiente
Ausculta pulmonar: MV presente bilateralmente, sem ruídos adventícios
Ausculta cardíaca: bulhas rítmicas, taquicárdicas, ❓ [P2 hiperfonética]
Membros inferiores: ❓ [edema assimétrico em MIE/MID com empastamento de panturrilha / sem alterações]
Sinal de Homans: ❓ [positivo / negativo]

# HD
- Tromboembolismo Pulmonar (TEP) - risco ❓ [baixo / intermediário / alto]
- Wells para TEP: ❓ pontos
- PESI simplificado: ❓ pontos

# Conduta
- Monitorização contínua + acesso venoso periférico calibroso
- Oxigenoterapia conforme necessidade (alvo SatO2 > 90%)
- Estratificação de risco (Wells, PESI, troponina, BNP)
- Anticoagulação plena imediata (Enoxaparina SC ou HNF EV)
- ❓ [Trombólise se instabilidade hemodinâmica]
- Solicitar: hemograma, função renal, troponina, BNP, D-dímero, AngioTC tórax
- Analgesia e controle de sintomas
- Alta com anticoagulação oral por no mínimo 3 meses
- Afastamento: ❓ dias
Prescrição para paciente típico
No pronto-socorro:
# ANTICOAGULAÇÃO PLENA (iniciar imediatamente)
01. Enoxaparina 60mg/0,6mL (100mg/mL) – 01 seringa (0,6mL para 60kg), SC, de 12/12h
    (Ajustar dose: 1mg/kg de 12/12h - máximo 100mg/dose)
    (Se > 75 anos: 0,75mg/kg de 12/12h)
    (Se ClCr < 30: 1mg/kg de 24/24h)

# ANALGESIA
02. Dipirona 1g/2mL (500mg/mL) – 01 ampola (2mL) + 18mL SF0,9%, EV lento, de 6/6h

# SUPORTE HEMODINÂMICO (se instabilidade)
03. Cristaloide (SF0,9% ou Ringer Lactato) 500mL EV em bolus, avaliar resposta
04. Norepinefrina 4mg/4mL – diluir em 246mL SG5%, iniciar 0,05mcg/kg/min, titular

# SUPORTE RESPIRATÓRIO
05. Oxigênio suplementar S/N (cateter nasal 2-6L/min ou máscara)

# SE INDICAÇÃO DE TROMBÓLISE (TEP maciço/instável)
06. Alteplase 50mg – diluir 100mg (2 amp) + 100mL SF0,9% EV em BIC, correr em 2h
Para casa:
01. Rivaroxabana 15mg ––––––––––– 42 comprimidos
Tomar 01 comprimido, VO, de 12/12h (durante 21 dias)
Após 21 dias: mudar para 20mg, VO, 01x/dia
Continuar por no mínimo 3 meses

02. Dipirona 500mg ––––––––––– 20 comprimidos
Tomar 01 comprimido, VO, de 6/6h, se dor

03. Rivaroxabana 20mg ––––––––––– 90 comprimidos
(Prescrever para uso após completar 21 dias com 15mg)
Tomar 01 comprimido, VO, 01x/dia, durante 90 dias
Para casa (receituário especial):
# ANTICOAGULAÇÃO ORAL - CONTINUAÇÃO DO TRATAMENTO INICIADO NO PS

Observação: A rivaroxabana NÃO requer receituário especial.
Caso opte por varfarina:

01. Varfarina 5mg ––––––––––– 90 comprimidos
Tomar 01 comprimido, VO, 01x/dia em jejum
Ajustar dose conforme INR (manter entre 2-3)
Manter por no mínimo 3 meses
Controle de INR semanal até estabilização, depois mensal

 

🏥 NO PRONTO-SOCORRO

  • ⚠️ MANEJO E CUIDADOS INICIAIS
    • Monitorização contínua: PA, FC, FR, SatO2, ECG contínuo
    • Acesso venoso calibroso: preferir 2 acessos periféricos calibrosos
    • Avaliação inicial:
      • Identificar sinais de instabilidade hemodinâmica (PAS < 90mmHg, choque, PCR)
      • Avaliar necessidade de suporte respiratório (SatO2, FR, esforço respiratório)
      • Pesquisar fatores de risco (cirurgia recente, imobilização, neoplasia, TVP prévia)
    • Estratificação de risco:
      • Escore de Wells para TEP: classificar probabilidade (baixa/intermediária/alta)
      • Escore PERC: se baixa probabilidade e PERC negativo, considerar exclusão de TEP
      • Escore PESI simplificado: estratificar risco de morte (0 pontos = 1% mortalidade; ≥1 ponto = 10%)
    • Exames complementares:
      • Hemograma, função renal, eletrólitos, troponina, BNP/NT-proBNP
      • D-dímero (se probabilidade baixa/intermediária pelo Wells)
      • Gasometria arterial (pode mostrar hipoxemia e hipocapnia)
      • ECG (taquicardia sinusal, S1Q3T3, sobrecarga de VD)
      • RX tórax (geralmente normal; pode mostrar sinal de Westermark, corcova de Hampton)
      • AngioTC de tórax: exame confirmatório - identifica trombo como falha de enchimento
    • Sinais de alarme (TEP maciço):
      • Instabilidade hemodinâmica: PAS < 90mmHg ou queda > 40mmHg por > 15min
      • Choque obstrutivo: hipoperfusão, oligúria, rebaixamento do nível de consciência, lactato elevado
      • Necessidade de drogas vasoativas
      • Parada cardiorrespiratória
    • Iniciar anticoagulação imediatamente se alta probabilidade, mesmo antes da confirmação diagnóstica

 

  • ANTICOAGULAÇÃO PARENTERAL PLENA
    • Prescrição prática:
      • Enoxaparina 60mg/0,6mL (100mg/mL) – 01 seringa SC de 12/12h
      • Dose: 1mg/kg SC de 12/12h (dose máxima de 100mg por aplicação)
      • Se idade > 75 anos: 0,75mg/kg SC de 12/12h
      • Se ClCr < 30mL/min: 1mg/kg SC de 24/24h
      • Exemplo prático: paciente 70kg = 70mg (0,7mL) SC 12/12h
    • Alternativa (Heparina Não Fracionada):
      • Heparina 5.000UI/mL – diluir 5mL (25.000UI) + 245mL SG5% EV em BIC
      • Concentração final: 100UI/mL
      • Bólus inicial: 80UI/kg EV (máximo 5.000UI)
      • Manutenção: infusão contínua 18UI/kg/h
      • Solicitar PTTa de 6/6h para ajuste (alvo: 1,5-2,5x o controle)
    • Indicações:
      • Tratamento imediato do TEP confirmado ou altamente suspeito
      • Ponte para anticoagulação oral (quando não usar rivaroxabana/apixabana em monoterapia)
    • Apresentações:
      • Enoxaparina: seringas prontas 20mg, 40mg, 60mg, 80mg, 100mg
      • Heparina não fracionada: ampolas 5.000UI/mL (5mL)
    • Via(s): 💉 SC (Enoxaparina) | 💉 EV (Heparina não fracionada)
    • Cuidados:
      • Contraindicações: sangramento ativo grave, plaquetopenia < 50.000/μL, AVCh recente, cirurgia de SNC recente
      • Monitorar plaquetas no D3 e D5 (risco de plaquetopenia induzida por heparina)
      • Enoxaparina preferível à HNF (mais fácil administração, não requer monitorização)
      • HNF preferível se: insuficiência renal grave (ClCr < 15), necessidade de reversão rápida, instabilidade hemodinâmica
      • Ajustar dose em obesos e idosos
      • Não usar HBPM se peso > 120kg ou < 40kg (preferir HNF)

 

  • TROMBÓLISE / FIBRINÓLISE (TEP maciço com instabilidade)
    • Prescrição prática:
      • Alteplase (rtPA) 50mg – diluir 100mg (2 ampolas) + 100mL SF0,9% EV em BIC, correr em 2 horas
      • Se em iminência de PCR ou já em PCR: 50mg em bólus + 50mg EV em 2 horas
    • Alternativas:
      • Estreptoquinase 1,5 milhão UI – diluir + 150mL SF0,9% EV em BIC, correr em 2 horas (75mL/h)
      • Tenecteplase – dose única em bólus EV conforme peso:
        • < 60kg: 6mL | 60-69kg: 7mL | 70-79kg: 8mL | 80-89kg: 9mL | ≥90kg: 10mL
    • Indicações:
      • TEP com instabilidade hemodinâmica (PAS < 90mmHg, choque, necessidade de vasopressores)
      • Parada cardiorrespiratória por TEP
      • TEP submaciço com deterioração clínica (disfunção de VD + troponina elevada + sinais de descompensação)
    • Apresentações:
      • Alteplase: frasco-ampola 50mg/10mL
      • Estreptoquinase: frasco-ampola 1.500.000 UI
      • Tenecteplase: frasco-ampola 50mg/10mL
    • Via(s): 💉 EV
    • Cuidados:
      • ⚠️ ANTES de iniciar trombólise: realizar procedimentos invasivos necessários (SVD, PAi, CVC)
      • Contraindicações absolutas:
        • AVCh ou AVC de origem desconhecida (qualquer tempo)
        • AVCi nos últimos 6 meses
        • Neoplasia do SNC
        • Trauma grave, cirurgia ou TCE nas últimas 3 semanas
        • Discrasia sanguínea ou sangramento ativo
        • Hemorragia digestiva alta < 1 mês
      • Contraindicações relativas:
        • AIT nos últimos 6 meses, uso de anticoagulantes, gestação, puerpério (1ª semana)
        • Punção venosa em sítio não compressível, RCP traumática
        • PAS > 180mmHg refratária, insuficiência hepática, endocardite, úlcera péptica
      • Após trombólise, iniciar/manter anticoagulação plena
      • Se contraindicação ou falha: considerar embolectomia mecânica

 

  • SUPORTE HEMODINÂMICO
    • Prescrição prática:
      • Cristaloide (SF0,9% ou Ringer Lactato) 500mL EV em bolus, reavaliar após infusão
      • Norepinefrina 4mg/4mL – diluir em 246mL SG5% (concentração 16mcg/mL), iniciar 0,05mcg/kg/min, titular
      • Dobutamina 250mg/20mL – diluir em 230mL SG5% (1mg/mL), iniciar 2,5-5mcg/kg/min, titular
    • Indicações:
      • Hipotensão (PAS < 90mmHg) ou sinais de hipoperfusão tecidual
      • Choque obstrutivo secundário ao TEP
    • Apresentações:
      • Norepinefrina: ampola 4mg/4mL
      • Dobutamina: ampola 250mg/20mL
    • Via(s): 💉 EV (infusão contínua em bomba)
    • Cuidados:
      • ⚠️ PRINCIPAL CAUSA DE MORTE no TEP: falência de ventrículo direito
      • Restrição hídrica: evitar sobrecarga volêmica (piora estresse de VD e isquemia)
      • Testar cristaloide em bolus cauteloso (máximo 500mL) antes de vasopressores
      • Norepinefrina: primeira escolha para choque com hipotensão
      • Dobutamina: considerar se disfunção de VD sem hipotensão grave (efeito inotrópico)
      • Monitorização rigorosa: PA invasiva, débito urinário, lactato
      • Combinação de norepinefrina + dobutamina pode ser necessária
      • Titular doses conforme resposta hemodinâmica

 

  • SUPORTE RESPIRATÓRIO
    • Prescrição prática:
      • Oxigênio suplementar via cateter nasal 2-6L/min (ajustar para SatO2 > 90%)
      • Oxigênio via máscara não reinalante 10-15L/min (se hipoxemia grave)
      • Se necessário IOT: preferir drogas que não causem hipotensão (evitar propofol, preferir etomidato/cetamina)
    • Indicações:
      • Hipoxemia: SatO2 < 90% em ar ambiente
      • Esforço respiratório importante, taquipneia > 30irpm
      • Rebaixamento do nível de consciência
    • Via(s): 💧 Inalatória
    • Cuidados:
      • A hipoxemia geralmente é reversível com O2 suplementar simples
      • Se IOT necessária:
        • Evitar drogas sedativas hipotensoras (propofol pode agravar choque)
        • Preferir etomidato ou cetamina na indução
        • VM: manter pressão de platô < 30cmH2O (reduzir pressão intratorácica, melhorar retorno venoso)
        • Volume corrente baixo: 5-6mL/kg peso predito
        • Evitar PEEP excessiva (piora retorno venoso e função de VD)
      • Oximetria contínua

 

  • ANALGÉSICO
    • Prescrição prática:
      • Dipirona 1g/2mL (500mg/mL) – 01 ampola (2mL) + 18mL SF0,9%, EV lento, de 6/6h
      • Dipirona 1g/2mL (500mg/mL) – 01 ampola (2mL), IM, de 6/6h
    • Alternativas:
      • Tramadol 100mg/2mL (50mg/mL) – 01 ampola (2mL) + 8mL SF0,9%, EV lento em 15min, de 6/6h (se dor moderada/intensa)
      • Morfina 10mg/mL – 2 a 5mg (0,2 a 0,5mL) + 9mL SF0,9%, EV lento, de 4/4h S/N (se dor refratária)
    • Indicações:
      • Dor torácica pleurítica
      • Dor em membro inferior (se TVP associada)
      • Analgesia para procedimentos
    • Apresentações:
      • Dipirona: ampola 1g/2mL ou 2g/5mL
      • Tramadol: ampola 100mg/2mL
      • Morfina: ampola 10mg/mL
    • Via(s): 💉 EV | 💉 IM | 💊 Oral
    • Cuidados:
      • Dipirona: risco de hipotensão se infusão EV rápida (infundir lentamente)
      • Tramadol: evitar em epilepsia, risco de náusea (associar antiemético)
      • Morfina: monitorar depressão respiratória, náusea; ter naloxona disponível
      • Dose máxima dipirona: 4g/dia EV/IM, 6g/dia VO
      • Evitar opioides fortes se paciente estável hemodinamicamente

 

  • ANTIEMÉTICO
    • Prescrição prática:
      • Bromoprida 10mg/2mL (5mg/mL) – 01 ampola (2mL), IM, de 8/8h S/N
      • Bromoprida 10mg/2mL (5mg/mL) – 01 ampola (2mL) + 8mL SF0,9%, EV lento, de 8/8h S/N
    • Alternativas:
      • Ondansetrona 8mg/4mL (2mg/mL) – 01 ampola (4mL) + 6mL SF0,9%, EV lento, de 8/8h S/N
      • Metoclopramida 10mg/2mL (5mg/mL) – 01 ampola (2mL), IM, de 8/8h S/N
    • Indicações:
      • Náuseas e vômitos associados (ansiedade, dor, uso de opioides)
      • Prevenção de êmese ao usar tramadol ou morfina
    • Apresentações:
      • Bromoprida: ampola 10mg/2mL
      • Ondansetrona: ampola 4mg/2mL ou 8mg/4mL
      • Metoclopramida: ampola 10mg/2mL
    • Via(s): 💉 EV | 💉 IM
    • Cuidados:
      • Ondansetrona: pode prolongar QT (cuidado em cardiopatas)
      • Metoclopramida: risco de efeitos extrapiramidais (evitar em idosos, Parkinson)
      • Bromoprida: menor risco de efeitos extrapiramidais que metoclopramida
      • Dose máxima: ondansetrona 32mg/dia, metoclopramida/bromoprida 30mg/dia

 

  • ANSIOLÍTICO (se necessário)
    • Prescrição prática:
      • Diazepam 10mg/2mL (5mg/mL) – 01 ampola (2mL) + 8mL SF0,9%, EV lento (1mL/min), dose única S/N
      • Midazolam 15mg/3mL (5mg/mL) – 1mL (5mg) + 9mL SF0,9%, EV lento, dose única S/N
    • Indicações:
      • Ansiedade grave
      • Agitação psicomotora
      • Facilitação de procedimentos
    • Apresentações:
      • Diazepam: ampola 10mg/2mL
      • Midazolam: ampola 5mg/mL (3mL ou 5mL) ou 15mg/3mL
    • Via(s): 💉 EV | 💉 IM | 💊 Oral
    • Cuidados:
      • Pode causar depressão respiratória (usar com cautela, ter flumazenil disponível)
      • Evitar em instabilidade hemodinâmica grave
      • Midazolam tem ação mais rápida e curta (preferir para procedimentos)
      • Diazepam tem ação mais prolongada
      • Monitorar SatO2 e nível de consciência

 

🏠 PARA CASA

  • ANTICOAGULANTE ORAL (pilar do tratamento)
    • Prescrição: Rivaroxabana 15mg – Tomar 01 comprimido, VO, de 12/12h, durante 21 dias. Após, mudar para 20mg, VO, 01x/dia, continuar por no mínimo 3 meses (conforme indicação médica)
    • Indicações: Tratamento e prevenção de recorrência de TEP
    • Apresentações: Comprimidos 10mg, 15mg, 20mg
    • Posologia:
      • Fase inicial (21 dias): 15mg de 12/12h junto com as refeições
      • Fase de manutenção: 20mg 01x/dia junto com a refeição principal
      • Duração mínima: 3 meses
      • Duração em situações especiais:
        • TEP provocado (cirurgia, trauma): 3 meses
        • TEP não provocado (idiopático): considerar > 3 meses ou indefinido
        • Neoplasia ativa: anticoagular indefinidamente enquanto neoplasia ativa
        • TEP recorrente: anticoagulação indefinida
    • Cuidados:
      • Critérios para alta com anticoagulação oral direta (sem HBPM):
        • TEP de baixo risco (PESI 0 ou classe I-II, sem disfunção de VD, troponina normal)
        • Hemodinamicamente estável
        • SatO2 adequada em ar ambiente ou com O2 baixo fluxo domiciliar
        • Sem sangramento ativo ou alto risco de sangramento
        • Sem insuficiência renal grave (ClCr > 30mL/min)
        • Capacidade de administrar medicação e retorno para seguimento garantido
      • Ajuste de dose:
        • ClCr 15-50mL/min: considerar 15mg 01x/dia (após fase inicial)
        • ClCr < 15mL/min ou diálise: contraindicado (usar varfarina)
      • Interações medicamentosas importantes: evitar com antifúngicos azólicos potentes, inibidores de protease
      • Monitoramento: não requer controle de coagulograma (diferente da varfarina)
      • Sangramento: risco baixo mas presente; orientar sinais de alarme
      • Tomar sempre junto com alimentação (melhora absorção)
    • Alternativa(s):
      • Apixabana 10mg – Tomar 01 comprimido, VO, de 12/12h durante 7 dias. Após, 5mg de 12/12h, continuar por no mínimo 3 meses
        • Vantagem: pode ser usada em disfunção renal moderada (ClCr 15-30: dose 2,5mg 12/12h)
      • Varfarina 5mg – Tomar 01 comprimido, VO, 01x/dia em jejum. Ajustar dose para INR 2-3. Controle de INR semanal até estabilização, depois mensal. Continuar por no mínimo 3 meses
        • Indicação: custo, insuficiência renal grave, prótese valvar mecânica
        • Importante: Associar HBPM (Enoxaparina) até atingir INR 2-3 por 2 dias consecutivos
      • Dabigatrana 150mg – Iniciar após 5-10 dias de HBPM. Tomar 01 cápsula, VO, de 12/12h, continuar por no mínimo 3 meses
        • Se > 80 anos ou alto risco sangramento: 110mg de 12/12h

 

  • ANALGÉSICO / ANTITÉRMICO
    • Prescrição: Dipirona 500mg – Tomar 01 comprimido, VO, de 6/6h, se dor ou febre
    • Indicações: Dor torácica residual, desconforto
    • Apresentações: Comprimidos 500mg, gotas 500mg/mL
    • Posologia: 500mg a 1g de 6/6h se necessário (máximo 4g/dia)
    • Cuidados:
      • Evitar em alérgicos a pirazolonas
      • Preferir via oral (menor risco de hipotensão que EV)
      • Dose máxima: 4g/dia
      • Sem necessidade de receituário especial
    • Alternativa(s):
      • Paracetamol 750mg – Tomar 01 comprimido, VO, de 6/6h, se dor ou febre (máximo 3g/dia)

 

  • ANTI-INFLAMATÓRIO (se dor pleurítica persistente)
    • Prescrição: Ibuprofeno 600mg – Tomar 01 comprimido, VO, de 8/8h após alimentação, durante 5 dias, se dor
    • Indicações: Dor torácica pleurítica intensa
    • Apresentações: Comprimidos 300mg, 600mg
    • Posologia: 600mg de 8/8h (máximo 2.400mg/dia)
    • Cuidados:
      • ⚠️ Cuidado com anticoagulação: AINEs aumentam risco de sangramento
      • Usar apenas se dor intensa e pelo menor tempo possível
      • Tomar sempre após alimentação
      • Contraindicado: úlcera péptica ativa, insuficiência renal grave, história de sangramento GI
      • Monitorar função renal
      • Evitar em idosos com múltiplas comorbidades
    • Alternativa(s):
      • Diclofenaco 50mg – Tomar 01 comprimido, VO, de 8/8h após alimentação, durante 5 dias

 

  • 👨🏻‍⚕️ Orientações ao paciente
    • ⚠️ RETORNAR IMEDIATAMENTE ao PS se:
      • Falta de ar súbita ou piora da dispneia
      • Dor torácica intensa
      • Tosse com sangue (hemoptise)
      • Desmaio (síncope) ou tontura intensa
      • Palpitações ou sensação de coração acelerado
      • Sinais de sangramento: sangue nas fezes (melena ou hematoquezia), sangue na urina, sangramento gengival espontâneo, hematomas sem trauma, sangramento nasal persistente, vômito com sangue
      • Dor ou inchaço intenso em membro inferior
      • Confusão mental ou alteração da consciência
    • Sobre a anticoagulação:
      • Tomar medicação SEMPRE no mesmo horário todos os dias
      • Rivaroxabana deve ser tomada JUNTO COM A REFEIÇÃO (melhora absorção)
      • Não interromper a medicação sem orientação médica (risco de novo TEP)
      • Duração mínima: 3 meses (pode ser mais prolongada conforme caso)
      • Evitar quedas e traumatismos (risco aumentado de sangramento)
      • Informar todos os profissionais de saúde que está em uso de anticoagulante
      • Evitar procedimentos invasivos sem orientação médica (dentista, cirurgias)
    • Atividade física:
      • Repouso relativo nos primeiros 3-5 dias
      • Retornar gradualmente às atividades após melhora dos sintomas
      • Evitar esforços intensos no primeiro mês
      • Caminhar regularmente (melhora circulação) após fase aguda
      • Evitar viagens longas (> 4h) no primeiro mês
      • Se viagem necessária: caminhar a cada 1-2 horas, hidratar-se, considerar meias elásticas
    • Prevenção de recorrência:
      • Manter-se bem hidratado
      • Evitar imobilização prolongada
      • Movimentar pernas durante viagens longas
      • Considerar meias de compressão graduada (se TVP associada)
      • Controlar fatores de risco: obesidade, sedentarismo, tabagismo
      • Se mulher em uso de anticoncepcional hormonal: discutir suspensão com ginecologista
    • Alimentação:
      • Se usar rivaroxabana/apixabana: sem restrições alimentares específicas
      • Se usar varfarina: evitar grandes variações na ingestão de alimentos ricos em vitamina K (folhas verdes escuras); não é necessário eliminar, apenas manter quantidade constante
      • Evitar álcool em excesso (interfere na anticoagulação e aumenta risco de sangramento)
    • Expectativa de recuperação:
      • Melhora progressiva dos sintomas em 1-2 semanas
      • Recuperação completa pode levar 1-3 meses
      • Fadiga e cansaço podem persistir por algumas semanas
      • Dor pleurítica pode durar alguns dias
    • Afastamento:
      • Repouso domiciliar: 5-7 dias (casos leves)
      • Afastamento de atividades: 15-30 dias conforme gravidade e tipo de trabalho
      • Trabalhos que exigem esforço físico: afastamento mais prolongado
    • Seguimento ambulatorial:
      • Retorno em 7 dias para reavaliação clínica
      • Consulta com cardiologista ou pneumologista em 30 dias
      • Se varfarina: controle de INR semanal até estabilização, depois mensal
      • Acompanhamento prolongado para definir duração da anticoagulação
      • Investigar causa do TEP (trombofilias, neoplasias ocultas) conforme indicação
    • Meias de compressão (se TVP associada):
      • Usar meias elásticas de compressão graduada (30-40mmHg)
      • Iniciar após fase aguda
      • Previne síndrome pós-trombótica
      • Usar durante o dia, remover à noite

 

🔎 CID-10:

  • I26.0: Embolia pulmonar com menção de cor pulmonale agudo
  • I26.9: Embolia pulmonar sem menção de cor pulmonale agudo
  • I82.9: Embolia e trombose venosa não especificada
  • I80.2: Flebite e tromboflebite de outros vasos profundos dos membros inferiores (TVP associada)
  • I80.3: Flebite e tromboflebite dos membros inferiores, não especificada